Stone Temple Pilots - Entre a inspiração e a redenção.
por Marlon Marques.

Por conta do retorno da banda e do lançamento de um novo álbum de inéditas, o Stone Temple Pilots voltou à mídia esse ano. A mesma mídia que nunca deu a importância devida à banda, agora os festejam como mais um que voltou do reino dos mortos. Ao invés de escrever sobre o disco novo, eu prefiro relembrar dois grandes momentos e distintos da carreira de uma das bandas mais subestimadas dos anos 90. No início o Stone Temple Pilots orbitava Seattle e conseqüentemente era mais influenciado do que influenciava. Porém como sempre faz o grande mercado, após o estrondoso – e surpreendente sucesso do álbum “Core” e do single “Plush”, todos queriam mais. Mas esse mais representava o mesmo. Na contra mão de toda essa corrente e como que prevendo o desastre do grunge, o Stone Temple Pilots pulou fora do barco e ousou fazendo um disco equilibrado entre guitarras altas, sonoridades mais amenas e uma veia pop psicodélica no álbum “Tiny Music...Songs From The Vatican Gift Shop” de 1996. O que posso dizer de antemão desse disco é que é um tanto experimental. O tom moderado do disco já é demonstrado na equilibrada e dançante “Pops Love Suicide”. Essa canção traz um elemento muito presente nesse disco, refrões bonitos e bem palatáveis. A sonoridade do disco remete a um certo revival dos anos 70, antecipando o que iriam fazer muitas bandas da segunda metade dos 2000. “Big Bang Baby”, nesse mesmo caminho já traz o primeiro sinal de diferença, de mistura. Lá pelos idos de 1:40 minuto, a banda cria uma mistura a lá The Kinks, só que como um devaneio, para continuar emulando um Led Zeppelin slow motion. Esse mesmo caminho de sonho a banda também segue na bela canção “Lady Picture Show”, lenta, cadenciada e também psicodélica. E quanto a “And So I Know”, o que dizer? Nada né, só apreciar. Nessa canção, Scott Weiland mostra o quanto um cara junkie pode ser doce, e mais, ótimo crooner de cabaré esfumaçado. Aqui eles já antecipam um pouco o que fariam em “Shangri-La Dee Da” de 2001. Há também espaços para rocks básicos, casos de “Tripping On A Hole In A Paper Heart”, ótima para viagens, e mais uma vez aqui, arranjos cadenciados, quase artesanais, a serviço de levadas instigantes, assim é também “Ride The Cliche”. Canções de vigor. O disco realmente aponta para novos horizontes criativos e mostram a banda em seu momento mais maduro desde o início da carreira. E logo no meio dos anos 90, onde se era ou 8 ou 80, ou radicalmente patético ou forçosamente revivalista-imitador. Ser original como esse lindo disco, melódico na medida certa de sua diabetes musical, foi um crime que causou ao Stone Temple Pilots um certo ostracismo, mesmo tendo lançado em 99 o regular álbum “Nº 4”. O grande destaque do disco fica por conta da sofisticação de “Adhesive”, melhor ouvir do que ler sobre ela. Como dito acima, “Nº 4” foi apenas regular. Isso tornou-se munição para os detratores do Stone Temple Pilots, que diziam justamente que a banda era o que sempre foi: medíocre. Entre idas e vindas, separações e reuniões, clinicas de reabilitação e projetos paralelos, o Stone Temple Pilots lança um novo disco, corria o ano de 2001. Cercado de expectativas, o disco “Shangri-La Dee Da” não decepcionou os fãs, pelo contrário. Traz a banda justamente no estágio onde pararam


Stone Temple Pilots - Tiny Music...Songs From The Vatican Gift Shop (Atlantic, WEA, 1996).
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Stone Temple Pilots - Shangri-La Dee Da (Atlantic, WEA, 2001).
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