sexta-feira, 25 de junho de 2010

Artigo.

Qualquer paixão te diverte? A mim não.


por Marlon Marques.






















Há uma grande diferença entre jogar bem e jogar bonito. Jogar bonito é dar espetáculo, é jogar com toques requintados, o que não necessariamente traz bons resultados. Já jogar bem, envolve mais do que isso, envolve consistência. Como o futebol espelha em certa dose a sociedade, pensar em longo prazo não faz parte da nossa mentalidade. O torcedor comum se empolga apenas com o resultado. Seu ufanismo o faz não perceber as falhas que o time possui e principalmente sua inconsistência. Falhas, todo temos. Mas na filosofia do futebol, ganha aquele que erra menos. Então minimizar erros, leva necessariamente a maximizar acertos e é nesse equilíbrio que se ganha os jogos. Não se trata aqui de estética, de jogar bonito ou feio, mas sim de jogar bem ou mal. Aqui a matemática entra em campo, pois há equações com variáveis, pode-se: jogar bem e bonito, jogar bem e feio, jogar mal e bonito e jogar mal e feio. A última é a pior das escolhas, e foi justamente essa a que o Brasil escolheu no jogo contra Portugal. Mais uma vez o ufanismo provocou um desserviço, o Brasil se classificou em primeiro lugar no grupo e isso bastou para satisfazer os milhões de brasileiros alienados. Mas quem vê o jogo por uma outra ótica pensa de outra forma. Como Dunga mesmo disse, “há certas coisas que precisam ser ditas e que muitos não gostam de ouvir”, digo eu: “o Brasil não jogou bem em nenhum dos jogos”. Mas o jogo contra Portugal passou de todos os limites. O futebol hoje só é visto pela perspectiva do resultado: 2X1 contra a Coréia do Norte e 3X1 contra a Costa do Marfim, mesmo jogando mal, e digo mais, jogando feio. Torcer para o Brasil não significa ser cego, torcer não é um ato de insanidade onde não há espaço para críticas. E quando eu falo sobre jogar bem, falo sobre consistência, repetindo mais uma vez, e isso significa dar esperanças de que quando enfrentar adversários mais fortes as possibilidades são boas. O que esperar de um time que se enroscou com a Coréia do Norte? O que esperar de um time que tropeça nos próprios erros, que erra passes que nem um cego erraria, que dá dois chutes a gol contra Portugal, sendo o segundo aos 46 minutos da segunda etapa e dado por um volante marcador? A pergunta é, será que dá para jogar assim contra adversários mais qualificados como Holanda, Espanha e Argentina? É claro que não. O Brasil dá espaços para adversários fracos e por isso os desastres não ocorrem, e quando os erros de Felipe Melo proporcionarem contra-ataques com craques como Robben, Messi ou Xavi? O que se viu em campo hoje foi o reflexo da cara de Dunga, feiúra. E como ele é um grande Narciso, logo ele não acha feio o espelho por refleti-lo. Um jogo horrível, com muitos erros de passe, jogadas sem inspiração, falta de objetividade e jogadores perdidos sem saber o que fazer. Ficou claro que o Brasil não consegue jogar contra retrancas, o lateral Maicon foi figura discreta no jogo, preso por sua força e por sua falta de criatividade. Daniel Alves e Júlio Baptista entraram como solução, e o que trouxeram foi certeza. Não devem jogar como titulares. Imagine o Brasil em uma semi-final precisando de alguém para furar um sistema e as opções forem Júlio Baptista, Daniel Alves e Ramires. Que lastima. O Brasil foi uma caricatura de time, ou melhor, foi um aglomerado de loucos com camisas amarelas ao invés de camisas de força. A bola queimava nos pés, ninguém sabia o que fazer e pelo visto o Dunga também não, haja visto que antes do Brasil marcar contra os marfinenses, o técnico brasileiro claramente demonstrava preocupação. O Brasil não precisa de chaleiras, chapéus, olés, e outras efemérides, o Brasil precisa de tática bem definida, objetividade, velocidade e principalmente finalizações. Isso é jogar bem. É claro que se der para fazer jogadas de efeito com direção ao gol, ótimo, mas se não, apenas faça o simples, o funcional, jogue com empenho e faça jogadas bem definidas, fruto de treinamentos e dedicação. O Brasil de Dunga não faz nem uma coisa e nem outra, nem joga bem e nem bonito, está ganhando e enganando. Caso não mude, muitos podem chorar com uma eliminação da mesma forma que na Copa passada (2006), onde o Brasil foi ganhando, avançando, enganando e quando enfrentou um time melhor e com um craque que faz a diferença (Zidane), acabou humilhado e eliminado. Se tivesse jogado com consistência desde o início, teria enfrentado os franceses de igual para igual, e isso pode ocorrer nessa Copa ainda. Bom, esse futebol a mim não me agrada, se te agrada fique com suas ilusões, depois espero que não venham mudar de ideia e criticar a seleção que hoje vocês exaltam, pois mesmo se o Brasil ganhar o mundial (o que eu duvido), continuo sustentando minha tese de que trocar poliglotas por trogloditas não é um bom negócio. Veremos.


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“O Brasil foi uma caricatura de time, ou melhor, foi um aglomerado de loucos com camisas amarelas ao invés de camisas de força”.

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“Depois espero que não venham mudar de ideia e criticar a seleção que hoje vocês exaltam, pois mesmo se o Brasil ganhar o mundial (o que eu duvido), continuo sustentando minha tese de que trocar poliglotas por trogloditas não é um bom negócio”.

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