sexta-feira, 27 de agosto de 2010


Artigo.

O Internacional e a ciclicidade do futebol.



por Marlon Marques.





















O que faz um clube ser grande? Essa é uma pergunta de resposta simples e complexa ao mesmo tempo. A resposta mais básica seria títulos e tradição. Porém alguém ira rebater dizendo que o Atlético Mineiro é grande, porém faz mais de trinta anos que não ganha um título de expressão. Suas conquistas recentes se limitam a campeonatos estaduais e mesmo assim continua sendo grande. Acontece que o Atlético Mineiro chegou em um ponto de estagnação normal. No início insipiente do futebol brasileiro, e principalmente do futebol profissional, o Atlético foi justamente um dos times que se destacaram e tornaram-se naquele momento grandes. Porém a tradição adquirida, jamais será perdida, e mesmo não ganhando títulos expressivos há mais de três décadas, continua sendo um grande clube, com torcida, patrocinadores, mídia, grandes jogadores, representatividade, entre outras coisas. Mesmo com essa justificativa, que também absolve clubes grandes como o Fluminense e o Botafogo, há quem queira torná-los times menores no cenário nacional. Para esses eu criei a teoria da ciclicidade, que diz que o futebol para os times grandes funciona como um ciclo, onde alguns clubes predominam por um tempo enquanto outros passam por um longo período de estiagem, sendo que depois as coisas se invertem. O Corinthians ganhou muitos títulos desde sua fundação até o ano de 1954, quando começou um jejum de títulos que durou até 1977. Esse período compreendeu justamente o auge do Santos, que vai de meados de 1955 até 1973. Acabando a fase santista, começou a era São Paulo, que vai de 1975 até 1993 (com alternâncias). O fim da era tricolor coincide com a chegada da Parmalat para o Palmeiras e o início de uma fase de muitos títulos, de 1992 até 2000. Nos anos 60 competiam o Santos de Pelé e o Palmeiras de Ademir da Guia, já nos anos 80, sofreram um grande ocaso, enquanto que Corinthians e São Paulo brigavam de igual para igual, com a Democracia Corintiana e os Menudos do Morumbi. Processos semelhantes aconteceram também no Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, as grandes praças do futebol nacional. E é justamente de Porto Alegre que vêm o alento para Atlético, Fluminense e Bota Fogo, respectivamente atrás de Cruzeiro, Flamengo e Vasco em expressão e títulos nos últimos anos. Nos anos 40 o predomínio foi do Inter. Nos anos 50 houve equilíbrio e nos anos 60 o Grêmio predominou. O Inter mandou no Rio Grande nos anos 70, ganhando 8 títulos estaduais na década e se tornando tricampeão nacional na era de Falcão. Nos anos oitenta, com o desmanche no Colorado, o Grêmio dispara, ganhando o brasileiro em 1981 e a Libertadores e o Mundial em 1983, além de vários estaduais década a fora, chegando a títulos da Copa do Brasil no decorrer dos anos 90. O Inter estacionou desde então, limitando-se apenas a títulos estaduais (com exceção a uma Copa do Brasil em 1992). Por conta disso, muitos diziam no Brasil que o grande time do sul era o Grêmio, que o Inter não ganhava um título de expressão há muitos anos e que isso o deixaria numa condição inferior. Aí é que entra a ciclicidade do futebol. Por ser um grande clube, o Internacional foi se modernizando, com seus avançados sistemas de sócio-torcedores e produtos licenciados, passou a ter grande arrecadação. Somou-se a isso, a boa administração de Fernando Carvalho, investimentos e patrocinadores (financiadores de um time competitivo), o Inter ressurgiu no cenário nacional. Foi vice-campeão brasileiro em 2005, e enfim campeão da Libertadores e do Mundo em 2006. Nessa ascensão chegou ao bi-campeonato da Libertadores em 2010, igualando o Grêmio, que ironicamente vive hoje um momento ruim. Ou seja, passou-se muitos anos, aproximadamente 30 (arredondando), para que o Inter voltasse a elite (que na verdade nunca saiu) do futebol brasileiro. Isso acontece apenas com times grandes. A conjuntura acima citada fez com o que o Internacional chegasse a essas conquistas, e se observarmos bem o Fluminense está indo nessa mesma direção. Compare com o Inter. Roberto Horcades está fazendo um bom trabalho na presidência do clube. O Fluminense têm um patrocinador forte (Unimed), montou um grande time, contratou (e manteve) um grande técnico (Muricy Ramalho), já foi vice-campeão da Libertadores e do Brasileiro em 2008 e hoje é o líder do brasileiro. Ou seja, suas campanhas estão evoluindo, assim como foi com o Inter, logo (em tese) uma conquista está próxima. O que mostra realmente que o futebol é de fases, a propósito, veja a situação do Vasco da Gama, que junto com o Flamengo mandou no Rio da metade dos anos 80 até 2000. A lição que fica é que de gigantes não se zomba. Ideias como “Pelé parou o Santos acabou” mostram-se apenas como provocação adversária do que realidade empírica, veja a atual fase do Santos. Hoje se está em cima e amanhã se está em baixo. O que torna esses clubes grandes é justamente a capacidade que possuem de se reereguerem, de buscarem forças – como o Fluminense para não cair em 2009 ou o Grêmio na Batalha dos Aflitos, de saírem das adversidades. E mesmo que períodos ruins já durem algumas décadas, é certo que um dia essa situação mudará e os ventos bons de um lugar migrem para outro. Isso serve de consolo, entretanto, essa mudança se dá também através de uma nova mentalidade, renovação no comando do clube, revezamento de poder, parcerias, divisão de base, estrutura de treinamento, recuperação e preparação de atletas, e receita, com estádio próprio e marketing. Só assim, modernizando-se é que os clubes podem sonhar com dias melhores, e aqueles que há muito tempo já não ganham, podem sonhar com pódios e o a tão cobiçada chuva de papel prateado.





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