domingo, 15 de agosto de 2010


Artigo.

Ronaldo, Zeca Pagodinho e o tempo das coisas.



por Marlon Marques.





















Mais uma vez surge essa história. – Olha, não duvidem de Ronaldo, vocês não sabem do que ele é capaz. Que eu saiba o título do filme é “Pelé Eterno” e não “Ronaldo Eterno”. Será que não chegou à hora de encerrar a carreira? O discurso brasileiro diz que se deve ter confiança em si mesmo. Tudo bem! Só que a confiança está aliada as condições de se conseguir esse algo almejado. Não adianta apenas ter confiança se a conjuntura necessária não está a favor. O Plano Cruzado de Sarney era bem intencionado, mas não funcionou porque ele necessitava de um conjunto de coisas conspirando a favor. Ronaldo foi um craque, não um fenômeno. Sua qualidade como atacante, seu poder decisivo não se discute mais. Porém o que não dá para engolir essa a história de ciclo sem fim de superações. Acreditar nisso é achar que gato têm realmente sete vidas. O homem é finito. E essa verdade se aplica ao esporte. O esporte lida com os limites do corpo e com o corpo em plenitude para realização na média e acima dela daquela modalidade esportiva. No auge, poucos foram como Ronaldo. Mas esse discurso de que ele mesmo gordo é melhor do que qualquer outro já é demais. Nem o Pelé assim. Inclusive esse soube bem parar a carreira, pois percebeu essa simples lição, a de que a vida têm “começo, meio e fim”. Pelé teve uma carreira maravilhosa, mas oscilou entre momentos de maior e menor intensidade. Machucou-se em 62, 63 e 66, e mesmo que entre esses períodos tenha brilhado, sua genialidade fora posta em prova para a Copa de 70. E que fez então Pelé? Preparou-se duramente para triunfar. E triunfou, e mais do que isso, percebeu que aquele tinha sido seu último mundial em alto nível recusando-se a jogar a Copa de 74. É isso que falta para Ronaldo. Enxergar que seu limite chegou, não técnico, mas sim físico. Para um homem de sua idade, com as operações a que passou e com os remédios que toma, é impossível ter um físico de Neymar. Ronaldo nunca mais conseguirá voltar a seu peso ideal, não conseguirá ficar visualmente fino, sem aquele incomodo abdômen saliente. Sua resistência já foi, há jogos em que se arrasta em campo. Em um ano ele mudou completamente, parece até que se passaram anos, mas foi apenas um. O Ronaldo de 2009 embora acima do peso, estava bem mais magro do que esse de 2010, e isso também se refletiu em campo nos dois anos citados. Só que seu mito e seu crédito com a imprensa não o deixam enxergar essa dura realidade. Jogadores de futebol são uns poucos que conseguem fazer de sua diversão gratuita um trabalho milionário. Eles amam jogar – todos dizem isso, e aceitar abandonar tudo isso é duro. Ronaldo reluta para continuar, mas a bola quer que ele a deixe, pois os sinais já começaram a surgir – domínio de canela e pisadas constantes na bola. Hoje ele está muito fora da realidade, está muito gordo, e no futebol de hoje cada vez mais profissional, não pode dar espaço para não-atletas, mesmo que seja um Romário ou um Ronaldo. Esse culto a personalidade cega a visão, tira o criticismo de cena e faz com que ninguém tenha coragem de dizer que é hora de parar. Seria mais honroso para sua carreira ter se despedido no meio do ano de 2009, após o título da Copa do Brasil, analise por essa ótica. Ronaldo encerra a carreira campeão paulista e da Copa do Brasil pelo Corinthians, coloca o time na Libertadores no ano do centenário e ainda seria lembrado da seguinte forma: – Se o Ronaldo não tivesse parado, o Corinthians poderia ter ganho a Libertadores, e o Brasil a Copa do Mundo. Ficaria a dúvida e não a certeza de que ele também fracassou no ano mais importante da história do clube. Ele confiou que ganharia, aliás, ele disse que ganharia, pois acreditou que sempre pode dar a volta por cima e se esqueceu de que nem tudo depende exatamente de nós ou de nossa vontade. Hoje vive sendo ridicularizado por parte da mídia, que se não o idolatra cegamente o hostiliza cegamente também. Ronaldo, o que tenho a lhe dizer é que você foi um craque, mas chegou sua hora de parar, pois na vida tudo passa. Tanto é que essa situação toda te incomoda, que no jogo festivo de Deco, você se recusou a dar autógrafos a seus devotados fãs. Ídolos de verdade sabem o momento de continuar, o momento de parar e não misturar as coisas. Sua persistência apenas prova que você não é um ídolo do povo brasileiro, mas sim de parte dele, daquela maioria que como você não consegue enxergar além do seu próprio umbigo.























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"Esse culto a personalidade cega a visão, tira o criticismo de cena e faz com que ninguém tenha coragem de dizer que é hora de parar".

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"O esporte lida com os limites do corpo e com o corpo em plenitude para realização na média e acima dela daquela modalidade esportiva. No auge, poucos foram como Ronaldo. Mas esse discurso de que ele mesmo gordo é melhor do que qualquer outro já é demais. Nem o Pelé assim".
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A vida é Assim.

(Zeca Pagodinho).

(A vida é...)
A vida é assim.
Todo tempo tem seu tempo,
tem começo, meio e fim.

Hoje eu faço regime
e entro no time só por meio tempo.
Hoje eu já não invento
como inventava há tempos atrás.
Eu reduzi as gorduras,
pra mim, só verduras parei com o sal.
Hoje eu sou brisa mansa, já fui vendaval.

Hoje eu uso adoçante
e fico distante até de fumar.
Eu reduzi a bebida
e a minha vida é voltada pro lar.
Perdia três noites e hoje nem duas,
que uma pra mim satisfaz.
O que eu fiz antigamente, hoje eu não faço mais.




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