Admirável mundo novo abaixo de nossos pés.
por Marlon Marques.
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Sempre digo que o inusitado é bom e original. Digo por que parto do pressuposto, de que quando você faz um estudo sobre algo muito estudado, você só têm dois caminhos: ou você supera o melhor trabalho nessa área ou se torna mais um. Porém quando você faz algo inusitado, você se torna pioneiro e abre um caminho para outros. É sob a ótica do inusitado que Rogério Canella fez um trabalho brilhante sobre a expansão do metrô de São Paulo. Quando fui à primeira vez na estação Alto do Ipiranga ao lado de minha namorada Alessandra, ficamos abismados com a diferença de design e modernização em relação às outras estações de outras linhas. O mesmo impacto eu tive muitos anos antes, quando vi pela primeira vez os painéis de tinta cerâmica sobre vidro de Alex Flemming na estação Sumaré. O usuário do metrô em geral não têm tempo de ficar reparando na estação e muito menos de pensar como tudo aquilo foi feito. É comum dizermos que as obras do metrô demoram muito, é claro que há questões eleitorais de fundo e estruturais, mas do ponto de vista da engenharia, obras como essa são difíceis e complexas e por isso requerem tempo. No final de 2008, tive a oportunidade de visitar os bastidores da expansão do metrô nas obras da linha amarela. Passei da estação Consolação para a atual estação Paulista, onde vi na ocasião o estágio das obras. Foi somente aí que pude ver como as coisas funcionam e como há todo um processo por trás do que vemos pronto. Vi túneis escuros e úmidos, uns cheios de rachaduras e infiltrações. O cheiro era horrível, uma mistura de mofo, poeira e resto de diesel dos motores das máquinas. A mais estranha delas, eu pude ver apenas de longe por detrás de uma lona, o “Tatuzão”. Um monstro que mais parece uma minhoca gigante com uma boca cheia de dentes, que cavam e perfuram a terra abrindo o caminho por onde o trem do metrô vai passar com milhares de pessoas todos os dias. Do limite da plataforma, onde estão postados um imenso retrosivor, um monitor com imagens da estação e um cancela amarela onde consta escrito “não ultrapasse” (ou coisa do gênero), olha-se o escuro túnel. Com a visão das coisas prontas nem imaginamos como aquilo já foi. É o mesmo que ver Claudia Cardinale hoje sem saber que nos anos 60 foi uma das mulheres mais belas do mundo. Nesse caso é o contrário, a beleza das estações no presente, não revelam o que foram no passado, lama e caos. Outro dado é que ali muitos trabalhadores deixaram seu suor e suas horas, para proporcionarem para nós (e para eles) rapidez e viabilidade para chegar
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Notas.
1. Foto de capa da Revista São Paulo do jornal Folha de São Paulo, local não informado.
2. Estação da Luz da linha 4-amarela, janeiro de 2009.
3. Estação Fradique Coutinho, maio de 2010.
4. Estação Morumbi, novembro de 2006.
5. Estação Fradique Coutinho, novembro de 2005.
6. Estação Fradique Coutinho, março de 2009.
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Obs. Todas as fotos são de autoria de Rogério Canella, retiradas da Revista São Paulo do jornal Folha de São Paulo de 6 a 12 de junho de 2010.
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