quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Artigo.

A dúvida e a certeza do erro de todos – o caso Geyse pode ser uma farsa?



por Marlon Marques.









































Pretendo nesse texto, analisar o caso Geyse sob um outro ponto de vista. Em primeiro lugar quero expôr duas coisas. A primeira é que a verdade, é algo muito difícil de se alcançar. Portanto não devemos cair na armadilha dupla do, “a maioria está com a razão” – pois seria covardia 700 contra 1 – e da “história dos vencedores” – uma vez que Geyse ao meu ver saiu como vencedora moral dessa história. Geyse tem sua versão dos fatos que obviamente vai de encontro com sua própria auto-defesa. O grupo dos 700 ou os 700 também possuem suas versões do caso, suas visões, portanto eu concluo que a verdade do caso é muito difícil de ser atingida. A segunda é que não vejo nesse caso uma mocinha e vários bandidos e nem um grupo de defensores dos bons costumes e Maria Madalena do outro. Vejo o caso como “culpas compartilhadas e devidamente percentualizadas”. O que quero dizer com isso é que todos errarão. Uns mais, outros menos, mas todos errarão. No início polarizei a questão entre Geyse e os 700, porém há um terceiro envolvido, a Universidade. Os erros da Uniban são inicialmente os de não ter um regulamento claro quanto “disciplina” e não estar preparada (assim como todas as universidades e escolas do Brasil – suponho eu) para enfrentar situações desse tipo ou de outros tipos. É comum nos prepararmos apenas para o corriqueiro, nunca pensamos no inusitado ou no que é pouco provável. Isso é um erro. Quanto a conduta da Universidade em relação ao fato, foi lamentável. Muitos disseram (incluindo a própria Geyse): “deveriam ter barrado na entrada”. Barrado por conta da roupa supostamente inadequada. Porém como barrar a aluno por isso, se não há em um regulamento, nada que impeça tal conduta? Agora pense, se os seguranças a barrassem, Geyse seria a primeira a dizer que foi discriminada, vítima de preconceito, que a Universidade é fascista e outras falácias costumeiras. Então de um jeito ou de outro, Geyse usaria a ação (ou a falta dela) da Universidade a seu favor. Quanto aos 700 alunos – pelas imagens que vi, não vi nada de tão espetaculoso (a mídia faz isso). O que vi foi o mesmo que ocorre em estádios de futebol com o time adversário – hostilidade e xingamentos. A diferença é que no futebol é banalizado e na Universidade não. A ação é a mesma. Está certa a atitude? Claro que não. Porém o que me intriga é que confiamos muito no ser humano e desprezamos a coerência. Vou explicar. No mundo ideal, as pessoas devem amar o próximo, respeitar uns aos outros, assim como as escolhas de cada um, de sexualidade, religião, time de futebol, música, roupas, etc. Mas a vida real nos mostra que isso não acontece, então eu pergunto, o que seria mais coerente, que a Geyse fosse com o micro-vestido para a faculdade e todos a acolhessem como uma irmã ou que ela fosse com uma roupa menos chamativa e passasse por mais uma entre tantas alunas da Universidade? Ela disse que apenas gostaria de ser respeitada e que é seu direito se vestir como quiser. Eu concordo com ela. Mas nosso livre arbítrio caminha lado a lado com a coerência a com a barbárie humana. O que é mais fácil, mudar a sociedade ou se adequar a ela? E esse se adequar não é concordar com seus atos bárbaros, mas é apenas prezar pela própria vida. Veja o exemplo. É domingo, o Palmeiras joga no Parque Antártica contra um time qualquer e o Corinthians no Pacaembu conta outro time qualquer. Suas torcidas, tão apaixonadas quanto irracionais comparecem em massa aos estádios para apoiar seus times. O São Paulo jogou no sábado. José é torcedor do São Paulo, não é de torcida organizada, é trabalhador, honesto, bom cidadão. Ele tem todo o direito de usar a camisa do time dele quando e quantas vezes quiser no lugar que quiser. Agora pergunto, é coerente que o José use a camisa do São Paulo na estação Barra Funda – lembrando que é seu direito usa-la e que essa estação é confluência entre os dois estádios e entre as torcidas de Palmeiras e Corinthians rivais entre si e também ambas com o São Paulo? É claro que não. José se usasse uma camisa qualquer, não deixaria de ser mais ou menos são paulino por conta disso. O mesmo digo de Geyse. Ela não seria mais ou menos mulher e feminina caso usasse outra roupa. Ela é uma estudante universitária, portanto maior de idade, na era da informação, não dá pra dizer que seja inocente sobre as coisas da vida. Será que ela não sabia que com uma roupa tão chamativa não seria alvo de provocações masculinas. Ela que se engrandece tanto ao dizer que é bonita e que chama mesmo a atenção, será que nunca reparou que homem é assim. Não estou justificando a ação dos 700, apenas estou dizendo que é bem previsível. Imagine a seguinte cena. Uma dessas mulheres frutas, tão cobiçadas pelos homens, passando sozinha por uma construção cheia de operários – será que eles não mexeriam? Qual mulher não sabe disso. Em universidades é pouco comum vermos mulheres semi-nuas ou com roupas curtíssimas mostrando partes íntimas do corpo de forma tão natural – então acho que o que provocou a repercussão desse fato foi seu ineditismo. Por não ser comum, o fato chamou a atenção de quase todos. Porém cenas curiosas, hilárias ou trágicas, chamam naturalmente a atenção das pessoas. Lembre-se da cratera do estação Pinheiros do metrô. Quantos ali não filmaram, fotografaram, olharam. Lembre-se da hostilidade sofrida por Suzane von Richthofen ao chegar e ao sair do fórum da Barra Funda para um dos seus julgamentos. Foi do mesmo jeito, insultos, xingamentos, fotos, filmagens, o mesmo circo da Uniban. É bom lembrarmos também que vivemos na era da democracia digital e que todos os celulares já sem de fábrica com filmadoras e câmeras fotográficas. A internet não tem leis e tudo acaba caindo no youtube, quem não sabe disso hoje em dia? O que eu disse anteriormente é com base nos fatos expostos, a minha hipótese, discorro a seguir. Agora vem as questões polêmicas do caso. A primeira é, porque Geyse não ficou o tempo todo sentada na cadeira da sala de aula após sua chegada tumultuada? Por que há cenas dela passando pelos corredores envolta aos 700 alucinados que a insultavam? Eu ouvi em muitas de suas entrevistas ela dizer que foi ao banheiro, depois a sala de uma amiga, depois saiu de novo, ficando pelos corredores a mercê da "turba", como disse Contardo Calligaris – em um artigo péssimo para Folha de São Paulo. Porque ela por conta própria não tomou a iniciativa de abandonar o local, voltar para casa, ou antecipar seu compromisso? Outra. Ela não disse que foi exposta, então o que explica sua desenvoltura nos programas de tevê? E como estar tão avontade (sem nenhum sinal de abalo) após fato tão repugnante. Vejo casos de estupro, onde meninas ficam meses em casa sem querer sair, embora seja comparativamente diferente ao caso de Geyse, o mínimo fosse que ela se reservasse até que passasse alguns dias do ocorrido até falar com a imprensa. Acho que ela estava gostando do circo e digo mais, acho que foi tudo uma armação. Digo isso por dois motivos. O primeiro é que, muitas outras meninas vão à aula com trajes semelhantes, outras até confessaram usar roupas piores, e isso nunca aconteceu. Outro fato é que assim como se faz nos trotes, festas surpresas, viagens, tudo isso pode ter sido combinado. É fácil passar de sala em sala avisando sobre algo não é? Mas é claro que se fosse feito assim, professores seriam testemunhas de tal combinação. Mas e quanto ao intervalo, ao bar, a saída ou a entrada na Universidade, quem controla as conversas que rolam ali? Se os seguranças não contém drogas ou tumultos como esse, conversas é que não vão conter. Geyse e suas amigas podem muito bem ter combinado com muitos alunos para terem tal reação. E assim como acontece com aplausos, um começa e logo todos estão envolvidos de forma espontânea. O tumulto pode ter começado com alguns e no efeito contágio ter atingido os demais e aí chegar a 700 ou mais alunos. O que Geyse ganharia com isso, fama! Se isso aconteceu ou não, o fato é que ela conseguiu o que queria, ficou famosa. A própria Geyse disse que até agora não ganhou nenhum dinheiro com tudo isso, mas é questão de tempo. Já foi convidada para desfilar no carnaval 2010 pela Leandro de Itaquera de São Paulo e pela Porto da Pedra do Rio de Janeiro – e como virou celebridade, receberá cachê para ir a avenida. Todos os programas que foi lhe deram cachê também, isso sem contar as muitas Universidades que lhe ofereceram bolsa – o que a faria poupar algum dinheiro para se formar. Seu discurso é muito pronto, calculado demais. Não vejo nela nem humildade, nem sofrimento verdadeiro e nem espontaneidade. O que vejo é uma menina oportunista, maquiavélica e bem esperta, sabedora do que quer e do que não quer. Não a vejo como mocinha na história. Se não foi combinado, a vejo apenas como incoerente. Se foi uma situação forjada, a vejo como oportunista. Quanto aos 700 aplico a mesma sentença. Se não foi combinado, os vejo como bárbaros, porém reconhecendo como normal (no sentido durkheiminiano) a atitude, previsível e nada espantosa, uma vez que o ser humano é assim – embora uma atitude incorreta. Se foi uma situação forjada, os vejo como mais bárbaros ainda, porque fazer isso por inércia, por condição humana eu até entendo, agora fazer isso de forma deliberada e espúria, é mais bárbaro ainda. Quanto a Uniban, digo apenas que é uma instituição despreparada e capitalista. Pois é mais fácil ficar sem a mensalidade da Geyse (embora a Universidade considere todo dinheiro importante) do que ficar sem 700 mensalidades, expulsando os tumultuadores. Não consigo ver inocência nessa história de parte nenhuma, o que vejo é apenas o espelho do que somos. É como Caetano Veloso definiu os americanos na sua canção “Americanos”: “são apenas velhos homens humanos”. O que nós somos afinal, apenas velhos homens humanos atolados até o pescoço em nossa ignorância, mesquinhez, soberba e egoísmo, e frente ao horror das nossas ações (refiro-me a raça humana), acreditar em mudança é tão inocente quanto o sorriso de uma criança.
















































































































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Um comentário:

  1. A. Monçores5:38 PM

    É claro e limpido, que nos dias de hoje ser famoso ou famosa, é necessario, ter algo a mais.No caso dos homens,uma boa desenvoltura artistica com um belo corpo aliado a um belo rosto, pode ser de grande ajuda, porem, no caso feminino, é necessario somente um belo rosto com um lindo corpo a mostra, pra que desenvoltura artistica?!!
    Isso é culpa nossa o quarto envolvido nessa historia toda.
    A Uniban culpada, por (acredito eu)não ter regras internas sobre roupas e costumes, os 700 por não serem mais racionais e reclamarem da forma correta, pedindo a Uniban regras internas, e para isso não se façam de tolos, existem varias formas.
    A Geyse, por ser de maior, saber que não eram roupas para aquela hora e local, não importam os motivos agregados a isso.
    E nóis, que damos valor a isso, compramos revistas, jornais, ligamos a tv e escutamos radio para sabermos mais e mais do que deveria ser banido, de nossos lares e mentes.
    Porque digo isso??
    Pelo simples fato que nóis, estamos, cada vez mais sugerindo a nossos decendentes, que beleza externa é tudo!
    Seja mais bonito...
    Seja mais encorpado..
    Seja mais chamativo...
    Deixe de lado o proximo, o que importa é ter atenção...
    Isso esta criando tipos de pessoas que só se importam com sua imagem.Estou aqui dizendo besteiras?
    Assintam televisão, veja que o pobre mal-vestido, que a pessoa com pouca escolaridade, com pouca aparencia pessoal, é motivo para chacotas, risos e capitulos humilhantes para assim dizer, trazer a alegria ou divertimento a pessoas que são verdadeiros hipocritas.
    Sim hipocritas, pois essas pessoas descritas acima merecem viver e batalham para isso iguais a esses hipocritas!
    Porem pessoas que como a essa pessoa a Geyse, nada mais precisam a não ser aproveitar maré, é só mostrar o corpo ou uma parte dele, criar uma reclamação que se atinja a midia, e pronto...Estão se abertos todas as portas e só esperar e aceitar!
    Temos que para com isso, antes de se convidar a aparecer para se criar mais polemicas, deve-se primeiro se ponderar sobre o que é correto e agir como tal
    Assim como a frase romana:
    _Não se deve somete parecer correto,deve ser correto!

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