sábado, 10 de outubro de 2009



Crônica.

Fluminense – entre o milagre, a justiça e o destino.

por Marlon Marques.
























O Fluminense parece caminhar sem tréguas ruma à série B do campeonato brasileiro. Talvez a queda do Fluminense represente muito mais do que a premissa de que grandes clubes do futebol brasileiro pelo mau planejamento, cairiam ano após ano, como foi com o Palmeiras, Botafogo, Atlético-MG, Grêmio, Corinthans e Vasco. Parece representar a justiça no simulacro do futebol. Pois todos sabemos que o Fluminense retornou a divisão principal do futebol nacional através do chamado “tapetão”, hoje extinto. Talvez seja a forma que os deuses do futebol encontraram, para fazer o Fluminense pagar a dívida moral que tem com os amantes do esporte bretão. Porém, não é certo ainda que o tricolor irá cair. Há chances matemáticas e esse é o discurso das laranjeiras, após seqüência inédita de dois jogos sem perder (empate com o Corinthians e vitória sobre o Santo André). Mesmo com esse discurso brasileiro de otimismo, o Fluminense sabe que somente um milagre pode salva-lo. Só rememorando a crônica “O Deus de Carlito Rocha” de Nelson Rodrigues, há uma passagem em que o autor diz que: “Carlito ligou o jogo ao sobrenatural, pôs Deus ao lado do Botafogo e mais do que isso: – pôs Deus contra o Fluminense”. Nesse caso, só Deus estando a favor do Fluminense é que um milagre poderá acontecer. O Fluminense oscila demais. Há jogos em que joga até bem, mas há outros sofríveis. O sofrimento em campo é o mesmo das arquibancadas, e o otimismo das arquibancadas é o mesmo dos jogadores em campo, embora esse combustível pareça estar se esgotando, tanto dentro, quanto fora de campo. O celebre “Neném Prancha” disse que: “se macumba ganhasse jogo, o campeonato bahiano acabaria empatado”. O mesmo eu digo para os times cariocas. Se estádio lotado ganhasse jogo, o Fluminense estaria brigando com o Palmeiras pelo titulo. Isso é mito. O Flamengo perdeu uma Copa do Brasil em 2004 no Maracanã com mais de setenta mil torcedores para o Santo André, e nenhum torcedor rubro-negro entrou em campo para fazer um gol. O que o Fluminense precisa não é de estádio cheio, mas sim de qualidade e responsabilidade dos atletas. Nessa hora, o que vale mesmo é ganhar os jogos em casa e tentar arrancar pelo menos um empate fora. O time tem muitas limitações, não consegue manter um ritmo o jogo inteiro, sem contar que o Conca joga sozinho no time. O que falta ao Flu é mais do que raça, é técnica. A missão de ganhar 8 de 11 jogos é algo quase hercúleo para o time que o Fluminense tem. Se fosse o time do ano passado, entrosado e com Thiago Neves, Dodô, Conca e Washington, aí sim, apostaria todas as minhas fichas do tricolor. Só mesmo um milagre salvara o tricolor. Com diz o hino, “vence o Fluminense, com verde da esperança, quem espera sempre alcança”, é preciso pintar as camisas de verde da esperança para que possam continuar sonhando e jogando a série principal do brasileiro. Será necessário que o “Sobrenatural de Almeida” impeça que os adversários furem a zaga tricolor. O espírito legendário que tanto ajudou o time das laranjeiras precisa mais do que nunca dar as caras. Com num pentecostes profano, o espírito do “Sobrenatural” precisa encarnar do esquadrão tricolor, para que um milagre seja operado e mais e mais fiéis convertidos ao culto das laranjeiras. A Unimed fez o que pode para deixar o Fluminense competitivo, mas mais do que um plano de saúde, o Flu precisa de um plano espiritual, mais do que medicina, o Flu precisa de um arrebatamento divino. É necessário rezar. Para que os gols sejam dádivas nas redes adversárias, como o milagre da multiplicação dos pães. É necessário um dilúvio todas as vezes que o Fluminense estiver ganhando o jogo, para que as coisas se dificultem para os adversários. O Flu precisa aliar o espiritual com o material, pois não adianta apenas Deus fazer a sua parte, é necessário que os homens façam a sua. “Lavra a terra e ganha o pão com o suor do teu rosto”, decretou Deus a Adão. E Deus como é muito ocupado, mas bastante misericordioso, já “quer” que o Flu se salve, mas o Flu parece não fazer por onde escapar da degola. A soberba de Renato Gaúcho parece ter contaminado todo o time. E a tentativa de burlar a ordem das coisas – pulando da série C direto para a série A – parece cobrar seu tributo justo nesse momento. O Fluminense parece caminhar em área movediça, e só Cristo mesmo nessa hora poder inspirar o time tricolor, quando andou sob as águas. Mas como a salvação não é para todos [muitos serão chamados e poucos serão escolhidos], o Fluminense está mais para Jonas do que para Dimas. Jonas quis contrariar seu destino não indo pregar em Nínive como lhe ordenou o senhor, porém, como não quis ir, o senhor mandou que um grande peixe [não uma baleia] o engolisse e o cuspisse na cidade de Nínive. Com o Fluminense parece ocorrer o mesmo, o destino parece querer que ele volte para a série B, para que a profecia se cumpra, pois como diz o ditado: “aqui se faz, aqui se paga”.




































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