quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Crítica.

Fresno - Redenção.


por Ladislau Smack.








































Retomando as palavras do último comentário postado no artigo “A roda e a farsa do VMB” aqui mesmo no blog iosbilario.com é que vou escrever essa resenha do disco “Redenção” da banda Fresno. Anônimo disse: “tomara que voceis queimem a língua muito forte um dia”, ou seja, isso é uma praga. É uma maldição que foi lançada contra nós, e por conseguinte contra mim. O engraçado é que tudo isso é motivado por uma opinião contrária a um gosto pessoal. O tal anônimo disse mais: “eu fiquei com uma raiva extrema a ler esse artigo, que demonstra que você não parou nem dez minutos para ouvir metade de Redenção [...] cd´s mais recentes do Fresno”. De fato, eu não havia perdido o meu tempo fazendo tal coisa. Afinal, lugar de tortura voluntária é só mesmo no hospital. Então como o anônimo disse que é sério – a maldição do Fresno – eu resolvi então ouvir o disco. O que posso dizer é que é um disco fraco. Abaixo da média, da linha que separa o ruim do péssimo. Nada se aproveita a não ser a limpa produção de Daniel Ferro. O som é límpido e bastante audível. A voz de Lucas Silveira se equilibra bem com os instrumentais previsíveis e pouco inspirados. O Fresno pode não ser emocore, uma vez que isso pressupõe o estilo hardcore, mas de certo é emorock. É pop também, então é emopoprock, que é ao mesmo tempo aberração e insensatez. Porém se analisar bem, tudo o que a estética emo prevê o Fresno faz. Refrão pop, backing vocals melosos, nuances leve/pesado, isso sem contar o estilo de se vestir. O disco em si é bem repetitivo. Tanto na temática das letras quanto no som. Um rock simples. Composições normais, gêmeas de tão parecidas na forma. Por exemplo, sempre antes do refrão tem uma rufada de bateria. Isso em quase todas as músicas. Ouvindo o disco eu quase não ouço o baixo de Tavares, olha que ele foi o baixista da banda dos sonhos da MTV. Acho que quem já ouviu Red Hot Chili Peppers alguma vez já deve ter percebido o que é tocar baixo com Flea. Ainda mais um instrumento como o baixo. O produtor insiste muito nas sobreposições vocais e na sutileza, que é forçada com passagens mais agudas do vocalista, também da banda dos sonhos. No refrão também, as ú0ltimas palavras da frase são pronunciadas de um jeito mais fino, mais sutil, fora os sussurros que emulam falsas emoções. Fresno é definitivamente uma banda romântica. É o que eu chamo de Sampa Crew do rock. Podem me insultar. Podem ficar bravos, mas é a mais pura verdade. A primeira faixa “Sobre todas as coisas que eu...” continua na segunda faixa “Não quero lembrar”, sendo a primeira uma introdução eletrônica de gosto muito duvidoso, e a segunda um rock forte, cheio de efeitos e com os mesmo trejeitos que iremos encontrar nas demais faixas do disco. É música de malhação. De identificação juvenil, de romance de escola, isso não pode ser considerado um grande disco, e ainda mais da banda do ano. “Uma música” é um dos grande hits radiofônicos da banda. Essa carece de uma análise melhor. A música é agitadinha porém cadenciada. A letra para variar é sobre um romance. Nada mais bobo e adolescente. As pessoas são assim extremistas, os emos são sentimentalistas baratos e os funkeiros vulgares baratos. Uns falam de amor de uma forma boba e os outros pulam o romance e já partem para o sexo, só que da formas mais básica e direta possível. Esse amor barato é cantado por Lucas da seguinte forma: “o céu estrelado, uma noite normal, um beijo roubado te dizendo tchau”, não seria “e eu te dizendo tchau”? Pois dessa forma parece que o beijo é que diz tchau para a garota, e como um beijo rouba um beijo? Não, eles vão justificar a frase dizendo ou ser licença poética ou surrealismo. É moda entre esses bárbaros de nossa música, fazerem referências cultas para fazer tipo. È só ver o pessoal da rua Augusta. Citam Tarantino e David Lynch e acham que são os “cool”. “Contas vencidas” é onde Lucas mostra seus prodígios musicais. A música é irmã de “Uma música”, só que mais ritmada. Os mesmos efeitos, rompantes de guitarra para intimidar, fora as tatuagens e caras de mau para impressionar, backing vocals, rufos antes do refrão, está tudo aí. Em “Redenção” há até violinos para dar um tom de dramaticidade. Para variar de novo, romance. A poética pobre do verso: “lembre que é caro me esquecer, barato pra você”, mostra o nível da banda, pois a falta de criatividade se expande dos instrumentais as letras. O disco já nesse ponto torna-se enfadonho e intragável. “Alguém que te faz sorrir” é outro sucesso. Mais uma prova da repetição das fórmulas. Se conseguir, compare o refrão de “Contas vencidas” [aos cinqüenta segundos] onde ele canta: “tuas palavras jamais”, Lucas dá uma entonação tão forçada, que não tem como esconder. A frase fica, “tuas palãããvras jamais”, bem puxado. O mesmo ele faz em “Alguém que te faz sorrir”, aos cinqüenta e um segundos ele canta: alguém que vai te abraçããããr”, também bem puxado. É a mesma técnica, ou melhor, é a ausência de recursos vocais. A música é lenta, melada e cheia de backing vocals chatos, insuportáveis. “Passado” e “Goodbye” são muito ruins. Sendo essa última pior ainda. O refrão é horrível, e mais uma vez a mesma fórmula se repete, e aqui ainda com direito a violinos e sintetizador. As rimas são as mesmas, metricamente iguais, que dão o efeito de igualdade e continuidade do sucesso. “Europa” é o tributo com o emo internacional. É a mesma coisa inaudível que se faz lá fora. Bateria alternando, guitarras em profusão e muita, mas muita falta de criatividade e originalidade. Continua a pergunta, onde está Tavares? Não ouvi até agora. “Você perdeu de novo” é aqueles rocks quicados, cheios de guitarras gritando coisas estranhas, acordes sem imaginação e mais uma vez, a letra. “Eu vou cantar bem alto pra você ouvir, que eu não sou mais quem você conheceu a dois anos atrás”, isso é profundidade? E acho que o título da música é uma referência a mim. Porque eu perdi mesmo meu tempo ouvindo esse disco. Não vi nada de especial, nada que justificasse a “banda do ano”, a “banda dos sonhos”, ou qualquer outro prêmio ou título que Fresno tenha ganhado. O disco é fraco, repetitivo, enjoativo, sem inspiração, entre outras coisas. Porém não é assim que pensam á MTV, rasgando elogios ao disco e os sites valepunk.com e clubedorock. O valepunk disse: “Fresno agora buscou fazer um pop de qualidade, com raízes e identidade própria”, e “Redenção marca a nova fase da banda gaúcha, sem soar artificial ou clichê, fazendo música pop de qualidade assumidamente”. Francamente. O clubedorock disse: “no geral Redenção ficou excepicional”, “o Lucas está cantando muitíssimo bem – e isso nunca foi dúvida para ninguém”. E mais: “podemos dizer que ainda cairia como uma boa novidade em países como a Inglaterra”. É claro que num país democrático como o nosso, todas as opiniões [tanto as deles, quanto as minhas] devem ser expressadas, só para citar o filósofo Voltaire: “Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dize-las”. Digam o que quiserem, até insultem como já o fizerem várias vezes, mas quem ofende perde a razão e prova que não tem condições de argumentar. Decreto que esse disco não é só muito ruim, é péssimo. E que muitos de voceis estão cegos, pois não posso dizer que estão errados, continuem pois a ouvir essas aberrações sonoras, pois como disse Platão, “a verdade não é para todos”.





























Fresno - Redenção [Arsenal/Universal, 2009].

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