quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Crítica.

Gal Costa - Aquele Frevo Axé.


por Cremilda Batista & Marlon Marques.





































Eu sou fã da Gal. Acho que desde sempre eu sou fã dela. Dia desses a revi no youtube cantando Divino Maravilhoso e Baby nos anos 60. Maravilhosa. Seu vigor e sua voz se preservaram por anos no tempo. Sua qualidade salta aos olhos e fascina os mais sensatos em nossa geração vazia. Esse "Aquele Frevo Axé" é um disco do fim do milênio. Lançado em 1998, Gal já logo no início em “Imunização racional (que beleza)” já comprova o porquê. É uma canção de arranjo moderno, cheia de efeitos de produção e pitadas eletrônicas. A canção de Tim Maia ganha leitura moderna nos arranjos de Celso Fonseca e nas programações de Ramiro Musotto. “A voz do tambor” de arranjo magistral com cordas e berimbau – mais uma indício de modernidade – ganha corpo com o dueto com Milton Nascimento. As duas vozes combinadas se agrupam bem ao som cambaleante e mezzo místico, pois fala belamente da natureza e das forças dos orixás do candomblé. Outro dado desse disco é a competente escolha dos compositores feitas pela cantora. Caetano está presente em três canções [como não haveria de ser]. A faixa que dá título ao disco, “Aquele Frevo Axé” é belamente linda [pleonasmo], arranjo minimalista com um trombone sensacional, versos como “por trás da mão do poeta nosso amor não vai sumir” dão visibilidade a magnitude da obra do velho baiano. “Você não gosta de mim” traz um arranjo inspirado também no minimalismo fin de siécle misturado à um violão caetaniano e uma riquíssima poesia, e “Sertão”, uma canção simples, como uma lamentação, uma ode. Tem Tim Maia de novo em “Você”, com roupagem matrix feita pela formidável banda de Gal. Realmente é outra música. E isso é a diferença entre cover e versão. O clássico de Tim finalmente recebeu uma versão digna de sua grande letra, o mesmo Gal faz com “Esquadros” de Adriana Calcanhoto. Moderna, diferente, Gal. Simplesmente a marca de Gal se imprime como uma tatuagem inconfundível, assim como é com os grande artistas em cada uma de suas áreas de atuação. Ainda tem Jorge Ben em “Habib” e Hebert Vianna em “Quase um segundo”. Essa parceria é compreendida por dois motivos, o grande compositor que é o Hebert e pela fala de Gal no acústico antes de cantar Lanterna dos Afogados: “eu quero chamar agora um cara que eu venho paquerando de longe”. O grande Luiz Gonzaga aparece em “Qui nem jiló”, e tem também o ótimo José Miguél Wisnik em “Assum Branco”, onde também toca piano. Essa mistura, essa não linearidade é uma marca inconfundível na vasta obra de Gal. Além de aliar grande talento vocal com presença e carisma, Gal também sabe escolher bem seu repertório na mesma linha da tradição das grande cantoras intérpretes. Aquele Frevo Axé não é a melhor iniciação á obra de Gal, mas é um começo e tanto.






























Gal Costa - Aquele Frevo Axé [BMG, 1998].

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