segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Crítica.

Led Zeppelin - IV.


por Eliseu Horácio.



























O que é um clássico? A pergunta é difícil e complexa de responder em algumas linhas, mas vamos tentar. Um clássico é algo que vence o tempo por sua qualidade e é capaz de gerar em um grande número de pessoas boas reações. Um clássico no rock é aquele disco que consegue chegar intacto nas novas gerações. É aquele disco que encanta seu pai, seu irmão mais velho e os colegas de seu irmão mais novo. É um disco que, incrivelmente não perde o encanto e que provavelmente nunca perderá. O Led Zeppelin ao longo de sua carreira conseguiu criar muitos clássicos, mas esse IV, ou “Four Symbols é sem sombra de dúvida o mais clássico de todos. Um disco inspirado, e se olhar atentamente – ou os desavisados – poderão achar ser o álbum uma coletânea, dado os grandes sucessos e grandes músicas contidas nele. Musicalmente é perda de tempo falar. Falar o quê? É necessário se render frente a tamanha qualidade. Em todas as bandas sempre há aquele musico destaque. Aquele que rouba a cena. No caso do Zeppelin, embora Jimmy Page seja gênio, não é tão fácil assim. Nem mesmo os Beatles tinham um time de feras como esse. Todos, sem exceção são grandes músicos. Isso sem contar a lenda em torno de John Bonham, tido por muitos como o maior baterista de todos os tempo ao lado de Keith Moon do The Who. O que esses quatro fazem nesse disco é brincadeira. Música como brincadeira, como diversão e como extensão da alma e do corpo. Page aprendeu com Hendrix a fazer sexo com a guitarra, enquanto que Bonham tinha nas baquetas a extensão de seus braços e mãos. Paul Jones tirava notas quase impossíveis em seu baixo grave e soberano, já Plant era um show a parte. Quem não se lembra das imagens em que ele aparecia com seus cabelos louros voando, colete desabotoado, peito cabeludo e calças boca de sino apertadas? Porém isso era o visual da época, mas e a voz? Divina, uma mistura frenética de Janis Joplin com Jim Morrison, com graves perfeitos e falsetes impressionantes. A base desse “IV” é rock pulsante e hard rock altamente técnico, coisa que bandas como Slade por exemplo iriam anos mais tarde fazer com maestria. Embora o Zeppelin fosse egresso do extinto The Yardbirds, aqui nesse disco não há heavy metal. O som é pesado, porém filtrado pelo refino do hard rock, da técnica exacerbada desses músicos fabulosos [sic]. As épicas “Black Dog” e “Rock & Roll” abrem o disco em uma seqüência matadora. Black Dog mostra toda energia da banda. Um som visceral, onde todos aparecem. A levada é meio mística em alguns momentos, a canção é também um certo tributo ao blues pesado dos Stones. Os riffs de Page cortam o ar como facas, e a voz de Plant chega a alma em poucos minutos de música. Energética e sem igual também, “Rocl & Roll” é uma celebração da boa música e da técnica. Rápida e pronta para as estradas. O solo de Page é fantástico, além da levada bruta e cheia de sujeira. A canção recupera em alguns momentos o espírito rock and roll, lembrando o início nos anos 50, onde tudo era rapidez do piano, suor e energia. “The Battle Of Evermore” é um canção cadenciada, com corinhos e é a mais hippie do disco. Robert Plant revela uma outra faceta de sua voz, límpida e magistral, sob uma base que lembra as alaúdes medievais. “Misty Mountain Hop” é bem beatleniana. Um som mais arrastado, mais intenso nas melodias. “Going To California” é quase toda instrumental. Page utiliza efeitos delay e dedilha sua guitarra levemente para que Plant cante calmamente a canção. Outra vez Plant mostra sua diversidade, mostra o quanto pode oscilar do selvagem ao sutil em poucos minutos. “When The Levee Breaks” é hipnótica e cheia de efeitos inebriantes, que nos convidam para uma viagem louca pelas estradas zeppelianas. Mais uma vez aqui, técnica e criatividade se juntam a favor da boa música, pois essa canção em nada se parece com o som costumeiro da banda. Aquele blues rock hard agressivo, solado e cheio de virtuoses – herança para o heavy metal. “Four Sticks” é iniciatica. Bonham incorpora um espírito ao fazer essa batida quase de “macumba”, enquanto que Page faz estranhezas impressionantes na guitarra. O som é contínuo, espiral. Plant faz vocalizações sobrenaturais como num ritual a natureza, evocando o poder dos quatro elementos. A banda toda parecia realmente inspirada em algo místico mesmo, devido a qualidade incrível desse disco. Você pode se perguntar: “e Stairway To Heaven?” Respondo eu. Há músicas que falam por si só, e tanta gente já falou dela sem saber ao certo, que prefiro que ela fale por si só e desperte um significado pessoal em cada um.






























Led Zeppelin - IV [Atlantic/WEA, 1971].

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