quinta-feira, 8 de outubro de 2009


Artigo (Crítica).

O que sobra para um, falta para o outro: Sibylle Baeir & Simon Finn.


por Guy Anderson.




























Sibylle Baeir é uma cantora alemã de folk, de voz de anjo quase mórbido. Sua voz as vezes da sono, mas é de uma qualidade incrível. Seu disco de 2006 “Colour Green” é um achado perdido dos anos 70. Gente do calibre do diretor Wim Wenders e J. Mascis, são fãs da cantora, portanto algo de especial ela tem. As canções são lindas, mas sinto que falta algo para preenchê-las. Os puritas talvez digam, “está tudo perfeito”, mas para mim ainda falta algo. Acho que o instrumental poderia ser um pouco mais elaborado. Eu sei que o folk é minimalista muitas vezes, mas sabemos bem que há artistas como Wilco por exemplo, que fazem um folk elaborado e muito bom. Com o potencial da voz de Sibylle, suas canções seriam ainda melhores com arranjos mais elaborados, cordas e metais talvez. Isso é apenas um palpite, um simples palpite. O disco é muito bom. A pena é justamente o fato de soar repetitivo. Para não ser cruel, há variações sim, mas são muito sutis. Por exemplo, “Tonight” é muito igual á “Softy”, porém são diferentes um pouco da ótima “William”. Sibylle passa para o ouvinte uma angústia, algo de saguão de hospital, um clima de velório. Mas há boas construções como em “Remember The Day”, onde se ouve bem sua voz, mais solta, sobreposta ao seu lânguido violão. “Colour Green” fala do estranhamento da cidade, e do devir da vida. O choque do mundo do interior, da vida simples, de poucas pretensões e de como a informação pode ter seu lado maligno. Sibylle canta com uma bela emoção contida a faixa título, nos passa uma sinceridade absurda, impressionante. O resto do álbum é isso, o mesmo folk simples, exceto nas inventividades de “Driving”, no mais é o mesmo. O que falta a esse disco é arranjo. São canções lindas, uma voz linda, e um arranjo muito simples. Acho até que Sibylle nem queria que esse disco saísse, mas como iria sair, poderia ao menos chamar um bom arranjador. Simon Finn é um folk singer inglês. Saiu do interior (Surrey) para Londres e com alguma certeza, conservou seu lado rural para compor essas canções. Há “irlandismos” aqui, “escocismos” acolá, mas a essência do disco é inglês, é só notar pelo sotaque altamente carregado. O pecado do disco é a voz de Simon. Não chega ser intolerável, mas não combina. O instrumental é muito bom, cheio de variações e intervenções de outros instrumentos, passagens inteligentes e criativas. Até canções mais simples como “Woman By The Sea” são mais elaboradas dos que as canções de Sibylle. “Wanted You” ficaria ótima na voz de Sibylle, assim como não sentiríamos muita diferença na voz de Simon Finn caso sua voz fosse acompanhada do folk simples de Sibylle. “Wounder Tiger” é belíssima, porém a fealdade da voz de Simon estraga a beleza da canção. Esses disco bem que poderiam ser regravados, com Sibylle sob as bases das canções de Simon, e Simon sob os arranjos toscos de Sibylle, acho que seria mais adequado, mais inteligente e mais coerente, além de ser melhor também para os ouvintes, que com certeza teriam álbuns muito melhores do que esses, que são muito bons.














































Sibylle Baier - Colour Green [Orange Twin, 2006].

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Simon Finn - Magic Moments [Durtro/Jnana, 2005].

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