quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Crítica.

Mono - Formica Blues.

por Marlon Marques & Dirce Dalila.























Trip hop é um termo bastante ultrapassado. Mas as vezes é o mais adequado para rotular os filhos do Porstishead. Trip hop virou uma moda, muita gente se meteu a faze-lo achando que era fácil, mas na verdade há uma diferença entre fazer e fazer bem feito. E Formica Blues comprova isso. A voz suave de Siobhan De Maré flutua sob uma onda sonora cheia de efeitos e muita eletrônica. Formica Blues é o único disco do Mono, foi lançado em 1997 e emplacou o single “Life In Mono”. As batidas e os entrecruzamentos de efeitos, dão uma sofisticação e uma perfeição a música, como se o Air se juntasse ao Thievery Corporation. A canção é cativante, por isso tornou-se single, mas também pela voz doce de Siobhan. Não por acaso, Rubin Guthrie a escolheu sabiamente como a sucessora de Liz Fraser para o excelente Violet Indiana. O grande trunfo de Formica Blues são os arranjos. “Silicone” é elegante como Portishead, e como não cita-los como referência absoluta, e até alguns trejeitos de Siobhan lembram Beth Gibbons. “Slimcea Girl” por sua vez lembra muito Morcheeba, pela influências souls, o arranjo é também delicado e primoroso, enquanto que “The Outsider” opta por um minimalismo com toques monótonos de drum and bass. O disco é ora mais lento (The Blind Man), ora mais rápido (Disney Town), porém o fio condutor do disco é o traje de gala. Siobhan consegue ser sensual sem ser vulgar, e supera outras divas do estilo, como Nina Miranda do Smoke City e Geri Soriano do Supreme Beings Of Leisure [destacando que também são ótimas]. “High Life” tem um ar de pop sofisticado, passeando por paisagens sonoras alegres como odes a Tears For Fears e outros congêneres felizes. “Hello Cleveland!” é apenas instrumental, são quase sete minutos de viagens, delírios e suspiros. Os efeitos lembram as atmosferas etéreas do Cocteau Twins, porém soando em muitos momentos como o ótimo Combustible Edson. Outro destaque é “Penguin Freud”, canção com batidas inspiradas no flamenco, com direito a sopros, de madeiras à metais. Siobhan é suave e mortífera como a noite, e dá o bote em nosso coração como uma naja a nos iludir com sua dança erótica na ponta doce de uma flauta no deserto. Caímos nessa armadilha, e agora para sairmos, mas pra quê sair. O disco é um primor, e está cada vez mais difícil de encontrá-lo na rede, vale muito a pena ter em casa para uma ocasião especial. O disco cabe tanto para um jantar romântico a luz de velas, quanto para uma viagem solitária há algum lugar onde a tristeza e a alegria caminhem juntas, se é que isso é possível. Formica Blues é uma aula de mimesis, ou seja, de usar claramente modelos de outros, recriando-os a seu modo, ou a seu Mono.




























Mono - Formica Blues [Fontana Island, 1997].

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