quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Artigo.

Funk, lixo e balança comercial favorável.

por Marlon Marques & Ladislau Smack.




















Que o Brasil estava importando lixo eu sabia. Agora fiquei surpreendido com a notícia de que o Brasil está exportando lixo. Aquilo que aqui chamam de “funk”, o funk carioca, está virando moda nas paradas americanas e inglesas. Mas verdade seja dita, o que são as paradas americanas e as brasileiras também. Vemos programas na tevê aberta como Top Mix e os Top 10 da vida da falecida MTV e choramos com que vemos e ouvimos. Vemos muitos corpos sarados, semi-nus e suados, e ouvimos lixo, nada além do que lixo. A música americana deve envergonhar a nação, só para citar alguns nomes de peso, de Cole Porter a George Gershwin, de Frank Sinatra a Nat King Cole, passando por Jimi Hendrix e The Doors, a música americana sempre primou pela qualidade, e hoje se vê o que se cultua como bom. De fato o bom gosto das pessoas está bem em baixa. E não sejam hipócritas de dizer que voceis não acham isso não, diga com vontade, “meu gosto é melhor do que isso aí”. Pode dizer de peito aberto. Agora voltando ao Brasil e a exportação de lixo. Recentemente estava eu assistindo televisão quando me deparo com um videoclipe da cantora M.I.A., “Bucky Done Gun” – e só um detalhe M.I.A. é inglesa, mas me refiro a música americana pelo fato desse tipo de música e artista dominar as paradas do país de Obama. A música é funk puro de algum morro qualquer do Rio de Janeiro. A mesma pegada, os mesmos efeitos, a mesma antimúsica. As batidas programadas são as mesmas, porém menos vulgar, há umas reboladas aqui, outras ali, mas nada tão apelativo quanto aqui no Brasil. O fato é que há nisso tudo um quê de colonialismo. Como assim? Veja. O Brasil pelo divisão internacional do trabalho, sempre foi legado a ser um mero país produtor de commodities. Os países do chamado primeiro mundo [termo em desuso], compravam a preços módicos, transformavam a matéria-prima em produto acabado, e repassava aos mercados consumidores, ou seja, os países periféricos. Embora o funk carioca seja um lixo, pelo menos é um lixo feito e inventado aqui, portanto, se for para ficar rico com isso, que sejam ao menos os brasileiros. Mas não, importamos o funk para os gringos [e se reparar bem, gringo tem um gosto péssimo], eles dão um trato melhor, produzem e divulgam, e nós aqui da periferia consumimos aquilo que temos aqui. Nesse caso aqui é nacionalismo sim, porque não. Mesmo sabendo que os americanos adoram Tom Jobim e João Gilberto, nunca que iram troca-los por seu jazz. Porque o protecionismo deles é bonito e o nosso não. Aí você diz, “há, mas eles protegem o jazz, não dá pra comparar”, mas não somente o jazz, tudo que eles fazem eles nos vendem como se fosse ótimo. Até o lixo deles é melhor do que o nosso, pergunte aos ingleses. Os Titãs foram brilhantes ao cantarem que: “um idiota em inglês, se é idiota é bem menos que nós”, e é verdade, valorizamos muito o que vem de fora. Porém isso não nos impede de sermos críticos com o que temos aqui, temos coisas ótimas, boas e péssimas. O funk é uma delas. Porém, se eles defendem seus ritmos mais ruins, porque não podemos defender os nossos também. Voltando a M.I.A., andei analisando a letra da música “Bucky Done Gun”, para ver se a futilidade também é tipo exportação. A conclusão é que sim. A letra disso, para ser bem impessoal, é horrível. Vulgar e vazia, fala dos temas preferidos dos artistas desse gênero – e não apenas desse, do R&B e do Rap também – sexo, luxo, músculos, corpos, etc. Assuntos de fato muito enriquecedores. Não vou nem me dar o luxo de citar trechos da letra, não vale a pena perder tempo com tal coisa. Porém a grande questão de fundo dessa discussão, é que são essas coisas que fazem aumentar a fama negativa do Brasil no exterior. Já somos vistos como vantajosos, oportunistas, trambiqueiros, malandros, macacos, nossas mulheres já são taxadas de fáceis e sedutoras, e quando deveríamos exportar coisas boas, tome como exemplo o grupo Oito Batutas, do qual fazia parte o gigante Pixinguinha, que excursionou pela Europa em 1922, levando o melhor que nossa música tinha a oferecer, exportamos isso. Hoje o que levamos para fora é Bonde do Rolê e CSS, e o pior, isso só comprova a tese de que gringo tem gosto ruim mesmo, pois já levaram o axé, a lambada, e o pior da música nordestina, esses forrós-brega. Mas as coisas são assim mesmo, e como a música é sazonal, esperemos pela [próxima] next big thing brasileira de má qualidade, não sabemos o que será, mas sabemos que os gringos "querem", viva a balança comercial.































































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Um comentário:

  1. Anônimo5:29 PM

    HUahuahuahua "Lixo tipo importação" O funk carioca é uma vergonha!!!

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