sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Crítica.

Silverchair - Young Modern.


por Guy Anderson.



















Young Modern é o quinto álbum de inéditas do Silverchair. Essa banda australiana passou por um grande processo de maturação de seu som. Não que o objetivo final fosse atingir uma sonoridade específica, mas da para pensar pelo menos que buscavam uma maturidade. Esse salto se deu sem dúvida no ótimo Neon Balroom de 1999. Novas formas de fazer músicas foram experimentadas, e experimental é o melhor adjetivo para esse Young Modern. Aqui o Silverchair faz um rock básico [a base], com pretensões apoteóticas, eletrônica e orquestrações. O Silverchair de vez se afasta do estereótipo de bandas juvenis para se elevar a um status de banda madura, até a voz de Daniel Johns mudou. Não há mais o peso das guitarras de Frogstomp e tão menos a fúria deste e de Freak Show, mas também não há mais o doce exagerado de uma Miss You Love, apesar de que resquícios de Neon pairam pelo disco. “Young Modern Station” é pulsante e moderna, abre o disco já dizendo ao ouvinte o que se seguirá nas demais 10 faixas do disco. Emendada a essa vem “Straight Lines”, o primeiro single do disco. É uma música crescente e cheia de modulações, de fato não lembra em nada os trabalhos anteriores da banda, há um clima bem mais ameno e renovador. Johns faz alusão a superação da anorexia em alguns momentos, mas fala de otimismo e de andar em linha reta, sentenciando que “não preciso de tempo para dizer, o ontem não vai mudar”. Já “If You Keep Losing Sleep” é uma mistura de Panic At Disco com Green Day, no formato, mas no conteúdo e na execução, supera ambos respectivamente. Orquestras do fim do mundo andam lado a lado com batidas militares e pianos, e até incursões circenses. “Reflections Of A Sound” é uma recriação de Beatles do Abbey Road versão terceiro milênio. Ótima canção [linda letra também] – figura entre as melhores do disco – fácil [veja o refrão], palatável e de apelo pop, Reflections Of A Sound traz um riff diferente de guitarra Daniel Johns, mas a produção também caprichou bastante nos efeitos, engrandecendo ainda mais a música e o disco como um todo. “The Man That Knew Too Much”, segue a mesma linha de Reflections Of A Sound, cadenciada, porém forte, tem também um ótimo refrão, além dos corais. “Waiting All Day” é um canção de amor. Porém como dito anteriormente não no esquema doce de rádios como Miss You Love, mas numa base de piano e dedilhados de guitarra, efeitos delay e doses de boa vontade, de fazer uma canção de amor honesta e bem intencionada. “Mind Reader” é a mais rock do álbum, paga um certo tributo ao rock dos anos 70 e ao revival deste feito pelo rock atual – e consegue a proeza de ser melhor nessa investida do que as bandas que o fazem no rock de hoje. “Low” tem uma levada meio country no início, mas depois nos traz um calmaria, uma paz de espírito sem igual, e parece-me que o Silvechair nesse disco descobriu uma fórmula de fazer ótimos refrões. “Insomnia” acerta em cheio em seus riffs esticados e alterações em calmo e tempestuoso, além de trazer a tona com mais clareza a voz de Johns depurada como um bom uísque em tonéis esquecidos em porões. “All Across The World” é um verdadeiro tratado de beleza e ternura. Johns canta de forma levemente desesperada, emocional, sob uma base de um blues doído, marcado por piano e delicados arranjos orquestrais. Porém um dos grandes destaques do disco é a quinta canção, uma peça em duas partes chamada “Those Thieving Birds/ Strange Behavior/ Those Thieving Birds”. Uma canção complexa, composta por Daniel Johns em parceria com Van Dyke Parks, gravada em Praga junta a orquestra filarmônica tcheca. A música é grandiosa, uma grande fusão de pop e erudito, antigo e moderno, nos moldes da grandeza de Frank Zappa. A presença da orquestra traz a canção uma grandiosidade ímpar, pois a impetuosidade do arranjo se destaca de tal forma que o complemento com a música em si faz uma alquimia perfeita. Não por menos que Young Modern não atingiu o sucesso que todo disco espera atingir, talvez seja um reflexo dos tempos que vivemos, as pessoas querem cada vez mais o mesmo, não gostam e não entendem o diferente ou o fora dos padrões. Fiz aqui uma pequena comparação com Frank Zappa, e talvez isso explique, o quão difícil é para um ouvinte médio entender. O All Music Guide e a Rolling Stone elogiaram o disco, mas sabemos todos que esse tipo de som não interessa e não agrada a grande massa, com certeza muitos o esquecerão rápido, mas para uma minoria bem atenta, esse disco poderá render boas e longas sessões de audição.



























Silverchair - Young Modern [EMI - Int´l, 2007]

download.








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Um comentário:

  1. Anônimo12:05 AM

    Grande disco. Gostei muito do que ouvi. A descrição bate com o conteúdo do álbum. Acho realmente que eles amadureceram.

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