quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ximena Sariñana – Medíocre.

























Ximena Sariñana – Medíocre.

M.M.

Ximena Sariñana é uma cantora mexicana que foge do estereótipo latino, exceto pelo uso da língua mater. É um bom exemplo de sucesso sem vulgaridade, sem corpos nus e outros apelos típicos da herança periférica do terceiro mundo. Digo isso pelo fato de que por ser mulher [pelo machismo] a melhor forma de se obter sucesso é através da beleza e da sedução, mas nunca pelo talento. Não em estilo, mas em talento, Ximena pode ser comparada a grande Lila Downs, sua compatrióta. Porém a base de Ximena é um jazz rock bastante inventivo, afinado e agradável. Seu primeiro disco é esse “Medíocre”, bem elogiado pela crítica e bem recebido pelo público, é um álbum eclético e bastante palatável, um pop não enjoativo, enfadonho. O destaque do álbum para muitos é a segunda faixa “Vidas Paralelas”, que eu particularmente não a acho a melhor do disco, é boa, mas a voz soa muito Shakira e parece muito tema de casal jovem de novela dos sete. A faixa título “Medíocre”, parace um pouco com Nora Jones, calcada numa base de piano e bateria, explode com guitarras apenas no refrão. “Normal” segue a mesma linha da primeira canção do álbum, lenta e ao piano, outra canção ruim é “La Tina”, muito modernosa, com umas batidas sampleadas, lembrando muito o trabalho de cantoras de R&B americanas. “No Vuelvo Mas”, é uma canção no estilo Shania Twain, marcada por um bateria meio country rock, “Sentiendo Rara” é uma bela canção com um suingue envolvente, diria que essa é a canção mais sensual do disco todo. Destaco com louvor três lindas músicas nesse álbum, uma menos bonita, porém muito bem feita em acabamento, e as outras duas belamente comoventes, pelo arranjo perfeito e pelo apelo [sic] vocal. “Cambio De Piel” é perfeitamente acabada no sentido de que é bem estruturada na construção melódica e harmônica, a bela voz forte e suave [ao mesmo tempo] de Ximena é belamente complementada pela suíte que sua banda constrói com pianos, guitarras, cordas, etc. É uma bela letra sobre abandono, sobre alguém que irá percorrer um lento caminho [camino lento] para acostumar-se com essa situação, mas que enfim não se deixará mais iludir por promessas. “Un Error”, primorosa e melancólica, é um fino jazz rock com um arranjo que inclui até acordeon, dando o tom pesaroso que a letra possui. É uma canção sobre uma mulher dando sua versão sobre o fim do relacionamento, ela começa pedindo perdão, dizendo que não sabia de nada e passado o que aconteceu, a constatação é de que tudo foi um erro, mas não foi má intenção [Perdóname. Nadie sabe porqué, pasó lo que pasó entre tú y yo. – Tudo fue un error. No fue mala intención.]. A personagem na voz emocional de Ximena, constata tristemente que o homem da história ira odia-la para sempre [Me odiarás, hasta el final.]. A letra fala de traição pelo que parece, mas não deixa claro quem foi o traidor da história, talvez tenha sido o homem, e ela dizendo essas palavras queira apenas dizer que foi um auto-erro envolver-se com esse homem, que a acusa de ter feito o relacionamento fracassar [jusiticando possivelmente a traição]. No ínicio ela se ressente, mas depois se conscientiza de que toda a culpa não é dela [Y no voy a pensar que todo es culpa mía.], e que mesmo depois do que aconteceu (ele deve ter tendado reatar), é difícil perdoar e o obriga a fazer um exercício de empatia [Sé que un día estarás en mi lugar, y entenderás que es dificil perdonarse. Sentirás y sufrirás cuando descubras (…)].

“Pocas Palavras” fala sobre a frieza de um relacionamento que aos poucos se esvazia, uma bateria leve de jazz preenche a canção quase como um todo, há umas programações eletrônicas espalhadas aleatóriamente pela música e um belo piano de fundo acompanhando o ritmo e acolhendo a bela voz. Medíocre de fato é um ótimo álbum, as músicas as vezes podem soar parecidas, mas se ouvi-las com atenção e se deixar levar pelas lindas melodias, certamente se surpreenderá com o resultado desse disco.


Marlon Marques.

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