segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

The Maxx


história nasceu nos quadrinhos, criada por Sam Kieth, mas tornou-se realmente popular ao ser transformada numa série de animação exibida pela MTV em 1995. De acordo com o próprio autor, The Maxx na televisão não poderia ter sido mais fiel à sua visão original.

Quem (ou o que) é The Maxx? Será um sem-teto que sonha demais? Ou um super-herói de outra dimensão com uma vida paralela na Terra? O que vemos é um brutamontes usando uma máscara feia e um macacão roxo. Em vez de mãos, ele tem duas garras aparentemente indestrutíveis. Pela descrição, poderia ser simplesmente mais um entre tantos super-heróis. O que faz a diferença é o tom da narrativa. Nunca chegamos a saber, ao menos não com certeza, se as aventuras de The Maxx se passam somente na imaginação do protagonista ou se realmente acontecem.

Dave é um ex-encanador, agora sem-teto, que tem uma relação circular de proteção com Julie, assistente social por conta própria. Mas, em outra realidade, ou em outra dimensão, ou em outro mundo, ou somente na imaginação dos envolvidos, Dave é The Maxx, herói galante de uma Pangea de sonho, e Julie é a rainha dos leopardos, glamourosa em suas peles. Claro que também existe um vilão na história, Mr. Gone, espécie de serial killer transdimensional que brinca perigosamente com as mentes de Maxx e Julie.

Mas todos os personagens de The Maxx possuem um passado doloroso, e são essas memórias que os cimentam juntos num mundo de fantasia, mesmo que não consigam escapar completamente da realidade. Julie era na verdade uma estudante de arquitetura que, depois de ser estuprada, passou a se dedicar à assistência social, tentando ajudar de adolescentes problemáticas a vagabundos sem-teto. A Pangea da sua imaginação nasceu a partir da narrativa do marido de uma amiga, recém chegado de uma viagem à Austrália, que mais tarde enlouqueceria e sairia matando todos os colegas de escritório, suicidando-se em seguida e garantindo um lugar no outro mundo como Mr. Gone, o vilão. Sua viúva transforma-se numa neo-hippie, e a filha torna-se amiga de Julie e Maxx.

A animação de The Maxx é engenhosa, com mais movimentos de câmara que dos próprios personagens. E com amplo uso do picture in picture, com quadros menores dentro do enquadramento maior, remetendo diretamente à linguagem dos quadrinhos. Os diálogos também são criativos, com mistura freqüente do narrador em off com os diálogos, e as vozes foram muito bem escolhidas (Michael Haley dubla Maxx e Glynnis Talken dubla Julie).

Apesar dos temas pesados (estupro, serial killers, órfãos, sem-teto, etc), The Maxx consegue manter o humor (negro, é claro). E quando as coisas se complicam, é sempre melhor ser um poderoso herói em Pangea que um sem-teto numa metrópole suja e impiedosa



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