domingo, 18 de julho de 2010

Artigo.

Luz, Câmera, Seios!!!


por Marlon Marques.




















Penso eu que Larissa Riquelme é uma Geyse Arruda paraguaia. Aquele tipo de pessoa que não têm nada a oferecer a não ser a beleza – que é relativa, e o corpo. Algum problema nisso? Depende! Do ponto de vista da liberdade humana, nenhum, pois o ser humano é livre, e como diz Márcia Tiburi, essa liberdade se estende ao corpo. Só que isso traz conseqüências, como tudo traz. Quando as pessoas começam a ganhar a vida, dinheiro, fama, etc., sem ou com pouco esforço, isso proporciona a chamada inversão dos valores, onde se começa a crer que não se precisa mais de esforço, físico ou intelectual para obter sucesso na vida. Só que, há aí a famosa lei da oferta e da procura, pois se elas fazem isso, é porque alguém consome isso. Gostar de mulher é uma coisa, aplaudir a vulgaridade explicita é outra. É claro que a acho bonita, atraente, sensual, mas isso o tempo gasta. Basta ver o que o tempo fez com as divas do cinema, aquelas que povoam o “consciente” coletivo: Claudia Cardinale, Elizabeth Taylor, Brigitte Bardot, entre outras. Ficaram velhas. Temos que valorizar a perenidade, basta vermos o argumento do filme “Os homens preferem as loiras”. É preferível a beleza pura a inteligência, é preferível um super corpo a uma super mente, ou até o equilíbrio. Mas voltando a Larissa Riquelme, a moça ganhou espaço midiático durante a Copa do Mundo através do quê: dos seios. Eu nunca ouvi a voz dela, não sei o timbre, o sotaque. Não sei o que ela pensa, aliás, ela não precisa pensar e nem é contratada para pensar, mas sim para se exibir. Quer pensamento, contrate Camille Paglia, Marilena Chauí ou Márcia Tiburi. A Larissa Riquelme é uma ofensa para as mulheres. Isso pode parecer exagero, mas ela reforça o machismo dos homens, que em sua maioria são generalizadores e extensores. Generalizadores porque consideram todas as mulheres iguais, ou seja, se ontem ele saiu com uma mulher “fácil”, logo ele pensa que todas são fáceis. E com o imperativo da força, “abusam” das garotas, refiro-me as que resistem. Extensores porque “extendem” suas projeções, fazem das mulheres suas mães, e de suas namoradas ou ficantes suas prostitutas. Mulheres como essas mostram aos homens falsamente o que são as mulheres, a menos que vocês achem que as mulheres realmente são isso? Os holofotes buscam aquilo que vende, por isso que esses tipos conseguem exposição, pois esse é o tipo de entretenimento que o povo consome. Hoje a vi na tevê brasileira. Adivinha em qual canal e programa? Rede TV e Pânico na TV. Esse programa levanta uma bandeira de humor inteligente, contra a mediocridade, mas explora a semi-nudez – e em alguns casos a nudez própriamente dita, o corpo, a exibição gratuita, e o conteúdo onde fica? Mulheres com conteúdo não podem ser bonitas. Isso é uma afirmação minha muito irônica. Vejam a novela “Bela a Feia”. No início ela é feia, de óculos, aparelho, roupas antigas, patinho feio, todo o repertório do estereótipo “nerd” consagrado pelo cinema. Para as tarefas difíceis do trabalho ela serve, para um relacionamento não. Isso quer dizer que beleza e inteligência são excludentes. Quando enfim ela fica bonita, logo deixa a inteligência de lado e explora mais a sensualidade. É o reverso da medalha. Antes que me cobrem exemplos de mulheres bonitas e inteligentes, logo vou dizendo que o conceito de beleza é relativo, logo fica difícil apontar. Porém digo que há um grande número de intelectuais mulheres, mas por machismo – inclusive na mídia e na academia, elas são boicotadas e não possuem o mesmo espaço. A Larissa Riquelme é bonita, isso não se discute, mas o que mais ela têm? Continuo achando que se deve lutar com as armas que têm, mas considerá-la mais do que um simples corpo é demais. Que esse tipo de pessoa tenha seu espaço, seus quinze minutos de fama, mas que haja espaço também para conteúdo, para tentar equilibrar o conflito da audiência entre gregos e troianos. Eu conheço pouco sobre Larissa Riquelme, pouco a ponto de não saber o que ela faz, de onde veio e para onde vai. Aliás, para onde vai eu sei, para o mesmo lugar comum que vão as celebridades instantâneas assim que seu efeito acaba. São mercadorias com seios e pernas, belas por fora, e como são, mas ocas por dentro. Aí o que acontece quando tentam quebrar esse estigma? – Qual o seu hobby preferido – e só para frisar que se é hobby já é preferido? – O meu é um vermelho. – E seu prato preferido? – Os meus são todos duralex – respostas de uma certa e longínqua Carla Perez. Continuem admirando o porta-celular enquanto está abundantemente as vistas, pois no próximo instante isso acaba e novas bundas e créus serão a bola da vez, baba baby, baby baba.


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"Quando as pessoas começam a ganhar a vida, dinheiro, fama, etc., sem ou com pouco esforço, isso proporciona a chamada inversão dos valores, onde se começa a crer que não se precisa mais de esforço, físico ou intelectual para obter sucesso na vida".


























"Não sei o que ela pensa, aliás, ela não precisa pensar e nem é contratada para pensar, mas sim para se exibir. Quer pensamento, contrate Camille Paglia, Marilena Chauí ou Márcia Tiburi".




























"Eu conheço pouco sobre Larissa Riquelme, pouco a ponto de não saber o que ela faz, de onde veio e para onde vai. Aliás, para onde vai eu sei, para o mesmo lugar comum que vão as celebridades instantâneas assim que seu efeito acaba. São mercadorias com seios e pernas, belas por fora, e como são, mas ocas por dentro".





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3 comentários:

  1. Olá Marlon, tudo bem?
    Bom achei sensato comentar em seu artigo sobre a “Musa da copa” já que concordo plenamente com o já escrito acima. A mulheres não são mais respeitadas pelo conteúdo intelectual que tem para oferecer, e sim pela “embalagem”, em minha opinião este é exatamente o tipo de artigo que deveria ser exposto pela tão aclamada mídia, que por sua vez sabe somente expor a tão famosa “embalagem” ocultando o que realmente é aproveitado e útil.

    Beijos, Marlon

    P.S.: Comentário feito por sua aluna Talita ETEC de Guaianazes!!

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  2. Anônimo10:58 AM

    Quando você diz que inversão de valores é o trabalho sem esforço eu fico pensando nos seus valores. Deve-se mesmo se acabar de trabalhar pra satisfazer esses moralismos todo do "trabalho enobrece o homem" que você porta?

    "ela reforça o machismo dos homens, que em sua maioria são generalizadores e extensores. Generalizadores porque consideram todas as mulheres iguais, ou seja, se ontem ele saiu com uma mulher “fácil”, logo ele pensa que todas são fáceis.

    Simplista ao extremo. O que você chama por generalizantes ou extensores? O que passa na televisão? Então não se pode passar nada na televisão que interfira nesses valores? Não entendi?


    "Pânico na TV. Esse programa levanta uma bandeira de humor inteligente, contra a mediocridade"

    Acho que vc não entendeu. O panico na tv é humor de escracho. Não tem a pretensão de ser inteligente como o presente artigo. O panico na tv é, inclusive, contra esse moralismo tão evidente aqui.

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  3. Anônimo6:28 PM

    Vamos lá.

    Bom, em primeiro lugar acho que a referida pessoa precisa ler melhor o texto. E dois, se identificar, porque não? Eu em momento nenhum disse que que trabalho enobrece o homem ou que se deve se matar de trabalhar, apenas quis dizer que se precisa de algum esforço para se ganhar a vida, seja físico ou intelectual. Se você discorda do trabalho, do pensar, enfim, legal para você.

    O texto já explica o que quero dizer com "generalizadores" e "extensores", e outra, essa não é uma característica de todos os homens, mas sim da maioria.

    Eu é que não entendi o que você quis dizer com: "o que passa na televisão?" Passam várias coisas na televisão, coisas boas e coisas ruins. E essa questão é por demais subjetiva. Logo você considera certas coisas boas para você e para o seus e outras não, e a mesma coisa eu. Não sou obrigado a aplaudir tudo o que passa na tevê, não sei se você já leu Adorno, McLuhan ou "Apocalípticos e Integrados" do Umberto Eco? Acho que não né!

    Sobre o "Pânico na TV", eu não entendi, você é que entendeu né, então me explique? Não sei o que você acha que é "escracho", "humor" e "inteligência", mas acho que pensamos diferentes. Para mim esse programa não diz nada, se diz pra você, maravilha, talvez o programa caiba num público que você se insere. Moral? O que é isso para você? O que você sabe sobre o que pretende o artigo ou o seu autor? Não me conhece, aliás, você não fez uma análise das ideias com outras ideias, mas com críticas pessoais.

    Lamentável, mas obrigado pelo comentário.

    Marlon.

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