quinta-feira, 3 de junho de 2010


Crítica.

Paramore não, pelo amor!


por Ladislau Smack.



















O título desse artigo é uma brincadeira com o nome da banda. Paramore foneticamente lembra “pelo amor”, que usamos sempre que não gostamos de algo – “pelo amor de Deus”. E porque digo pelo amor de Deus? Ora, por motivos óbvios é claro, a qualidade da banda em questão. Deixando o clichê de lado de que gosto não se discute, enveredemos pelo caminho da qualidade do Paramore. Nem tudo que reluz é ouro. Nem tudo que parece punk é punk. Agora se você achar que Green Day e Blink 182 é punk, aí vale. Paramore é uma banda impostora. Sim, impostora porque sua pose é de consciente e anti-stabilishmente quando na verdade isso não passa de marketing para atrair fãs. O som da banda é tudo aquilo que está escrito na cartilha do pop mais comercial que existe. Aliado a isso vêm o lado visual da banda. Despojado, descolado, colorido, em suma rebelde. Isso para o conceito de rebeldia mais rasteiro. Isso é para quem não viu Jello Biafra em seus anos áureos. Os novatos confundem estilo com atitude. Fora que atitude no rock é uma coisa tão abstrata quanto paranormalidade. Hayley Williams para mim é uma Avril Lavigne menos infantil e nitroglicerinada. Rostinho bonito e vocal equalizado por programas de computador, e aí eu sou obrigado a ouvir: “nossa, ela canta muito!!!!” Gente, o que é cantar muito? Em que mundo vivem esses lunáticos, que não se lembram das grandes vozes do rock. Não vou ficar aqui citando, façam um exercício de reflexão caso conheçam meia dúzia de bandas e cantoras. Hayley faz exatamente aquilo que se espera de sua música, nada de mais. Seu vocal é melódico, e só consegue atingir notas maiores pelas correções computacionais. É uma espécie de photoshop para voz, ao invés de corrigir estrias e celulites, corrige imperfeições e curvas vocais mal feitas. Ouvindo atentamente as músicas é tudo muito igual. Guitarras altas e sujinhas, bateria rapidinha e um baixo realmente baixo, porque se ouve pouco ou nem isso. “Misery Business” é o exemplo mais bem acabado dessa fórmula, pois nela há tudo isso e mais um pouco. Esse mais um pouco é a letra. Aqui sim eu poço dizer “pelo amor de Deus”, o que é isso. É melhor nem comentar. Isso não é pop punk como muitos insistem em chamar, é só pop. “When It Rains” têm o que de punk? Nada. É uma canção de amor, feita para ficar na cabeça, cheia de truques de produtores, sim, produtores que fazem produtos. Paramore é um produto da indústria, é uma resposta feminina da própria indústria ao Green Day. É um clone. Um clone muito bem feito, mas que vai morrer assim como morreu a ovelha Dolly. O tempo não será capaz de manter o Paramore nas paradas por muito tempo. A indústria é muito voraz e logo esses sons não mais corresponderam aos anseios da massa. E há que de distinguir a massa. Essa parte da massa que consome Paramore, têm a petulância de se achar inteligente e consumidora de música que faz pensar. Veremos então. “Quando eu pensei que ele era meu, ela o pegou pela boca”, esse trecho está em Misery Busines, e “É a prova viva de que a câmera está mentindo” está em Fences. O que há para pensar nisso. E ainda o Paramore têm a cara de pau de escrever um letra dizendo “matar o senso comum de pensamento”, “Born For This”. Fora a tentativa mal sucedida de fazer rock de arena com “Crushcrushcrush”, uma música ridiculamente igual a todas as outras rápidas. Ouvindo o disco “Riot” não vi nada de impressionante. Nada que justificasse esse assombro, esses comentários de que eles são diferentes dos emos. Sinceramente a proposta musical não é igual, o que não significa que seja diferente. Em suma é um som adolescente século vinte e um. Vazio e cheio de estilo e pretensão, querendo mudar o mundo com alusões anarquistas e bebendo nas informações da musictelevision. Cabelos vermelhos e instrumentos quebrados dizem nada tanto quanto raios na cara e calças rasgadas. As multidões se aglomeram atrás de diversão e entretenimento, que por sinal de qualidade duvidosa. O que acho mesmo do disco é que é medíocre. Porque pela proposta da banda o som é até bem feito, as letrinhas, bem, formam uma sopa com gosto de apatia de cabelos descoloridos para impressionar os pais. Os dramas cantados pelo Paramore retratam bem o nível de envolvimento que os jovens têm com o mundo em que vivem: nenhum. Não passam de egoístas burgueses, que pagam milhares de reais por um ingresso de uma banda impostora, de uma banda que toca mal – pois o som não explora novas possibilidades, bem ao contrario dos que criticam a música rápida, dizendo que é tudo igual. Riot traz onze faixas de puro mesmismo, de sonzinhos rápidos e cheios de momentos “urgh” e chifrinhos, caras e bocas para impressionar, para influenciar os jovens a terem atitude, atitude de nada. Um disco pop feito em bom estúdio só se sobressai pela produção, conteúdo fica devendo e muito, nada se salva nesse sentido. Quanto a Hayley Williams, não vejo nela carisma suficiente para comandar essa geração de cabeças de bagre e nem inteligência para enganar por muito tempo os pseudo-intelectuais. Não entro nessa de que sua voz é boa, é só ver o tipo de música que faz, qualquer voz ali ressalta e se encaixa. Musicalidade pobre é reflexo dos dias pobres que vivemos e que parecem não ter fim, e se Paramore, os emos daqui e os de lá forem a trilha sonora desses tempos, que venha o fim.






























Paramore - Riot! (Fueled By Ramen, 2007).

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