domingo, 2 de maio de 2010


Artigo.

O estranho fascínio de Hitler pela ótica das artes visuais.



por Marlon Marques.



























Uma das grandes questões ainda não respondidas pelo século XX é a que se refere há como Hitler foi possível. Quais foram os processos psíquicos responsáveis por sua existência como líder e mentor de uma das maiores tragédias da humanidade. Os processos sócio-históricos foram e estão sendo amplamente desvendados e pesquisados, a medida que novos documentos são encontrados, mais sabemos sobre o período nazista, seja por fontes ligadas ao próprio III Reich, seja por fontes paralelas. O jovem austríaco Adolf era um aspirante a pintor. Sua ligação com o mundo das artes não se limitava apenas a pintura, ia da ópera grandiloqüente de Wagner á tapeçarias orientais, artefatos arqueológicos, esculturas antigas e literatura européia, muito embora detestasse Thomas Mann. Talvez seja a figura mais detestada da história, e uma das mais conhecidas também. Seu corte de cabelo característico, seu famoso bigode e sua expressão fechada tornaram-se tão familiares para nós perdendo apenas para a iconografia de Cristo. Não há como negar que seu modus operandi era muito eficaz, não há como desconsiderar seu poder de mobilizar as massas, sua oratória, e o quanto ele fez a Alemanha crescer em poucos anos. O intrigante não é saber que ideias tão obscuras saíram de sua mente, mas o como ele fez para convencer uma nação inteira de suas ideias. Para um povo alemão ferido e economicamente cambalido, o discurso nazista caiu como seda para uma delicada maça. Quando todos diziam “não”, Hitler veio e lhes disse “sim”, como um certo Obama as avessas: “yes we can”. Tanto que hoje, disciplinas como auto-ajuda e motivação são tão valorizadas em empresas para alavancar resultados, para aumento de performance, a ênfase na reabilitação do humano passa pelo trabalho hitleriano. O personagem histórico foi alvo de muitas pesquisas, artigos, ensaios, filmes, livros, trabalhos artísticos em diversos países, pois da mesma forma como desperta revolta, sua figura inspira criações artísticas. Realizando uma pesquisa no Google para obter imagens de Hitler, descobri o quanto ele foi representado de forma diversa nas artes gráficas. Há um trabalho muito interessante onde sua imagem é construída como um mosaico. Além da apropriação dos artistas a partir dos desenhos animados, Pikachu, Simpsons, Teletubbies, Hello Kitty, South Park, entre outros. E justamente por conta das características do ditador alemão (o cabelo, o bigode, o bracelete com a suástica), todas as imagens podem ser transformadas nele. É o caso da infantil imagem de um pequeno Hitler sentado com um veadinho num abraço caloroso – há talvez aqui uma certa insinuação do possível homossexualismo de Hitler – embora hajam teorias de que teve uma filha, amantes, etc. Verdade mesmo foi sua investida na diva Marlene Dietrich. O relativismo histórico nos expõe há certas contradições, tome como exemplo Getúlio Vargas, simpatizante do nazismo, na guerra apóia os aliados e como dar continuidade a uma ditadura sendo que você combateu a uma. É uma contradição. Os Estados Unidos combateram o nazismo e sua política expansionista na Europa, porém tornou-se a principal potência imperialista do mundo do pós-guerra. Então os Estados Unidos de “mocinhos” (por combater o nazismo), tornaram-se os “bandidos” da história contemporânea, vide os protestos antiglobalização e o antiamericanismo. Há quem relacione Hitler a Bush, e a política americana com a política nazista (no que tange o expansionismo), por isso há uma imagem de Hitler como Tio Sam, onde acima da cartola deste sai uma suástica. Até o trabalho de Shepard Fairey foi apropriado, num quadro monocromático de Hitler sob a frase emblemática da campanha de Barack Obama. É realmente incrível como uma figura tão odiosa pode suscitar uma série de imagens artísticas ao longo dos tempos. Não há uma explicação para o fascínio exercido por Hitler, assim como não se responde a pergunta inicial. Hitler será lembrado sempre como o ditador que massacrou os judeus sob uma alegação contraditória, porém é necessário sempre que uma imagem sua for representada na arte haja uma lembrança de seu legado nefasto, pois essa ferida nunca será cicatrizada, não é mesmo Elie Wiesel.





























































































































































































































































































































































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