sexta-feira, 26 de junho de 2009

Crítica.

The Young Gods - Super Ready Fragmente.


por Marlon Marques.

























O trio suiço The Young Gods é uma grande banda. Essa afirmação, se apóia em dois pilares basicamente. O primeiro é a carreira bastante regular da banda – lançou pelo menos dois grandes álbuns antes desse, L´Eau Rouge [1989] e Play Kurt Weill [1991], e o segundo pilar é o fato de gente como Maynard James Keenan e Mike Patton serem admiradores da banda e terem sido influenciados por eles. O The Young Gods é rotulado como industrial, porém seu som é muito diferente do caos puro do Ministry, da depressão do Nine Inch Nails ou da megalomania de Marilyn Manson. O grande destaque porém fica por conta da voz de Fraz Treichler, potente, aveludada, consistente e bonita. A música do The Young Gods vai além do mero industrial justamente pela competência e inventividade da banda – evidencia já mostrada nos álbuns citados anteriormente. Esse Super Ready Fragmente é bastante melódico e dançante, mas não fica limitado apenas a programação eletrônica, há arranjos instrumentais e harmonias bem executadas, aquele que tiver ouvidos, ouça. “I´m The Drug” a primeira faixa nos dá um cartão de visitas bastante distorcido, como os próprios integrantes da banda já haviam antecipado, esse disco teria uma maior influência de guitarras, talvez um pouco ausente em trabalhos anteriores. Treichler demonstra sua competência vocal na introdução de “Freeze”, algo parecido com U2, bastante rock e alguns poucos efeitos eletrôncos. “C´est Quoi C´est Ça” é toda influência da banda em nomes como Nine Inch Nails e Orgy, programações sombrias, chiados defeituosos e vocal macio, porém incisivo. “El Magnifico” e “The Color Code” são dançantes, ótimas pedidas para pistas de dança, The Color Code se executada a ouvidos desavisados passa fácil por Chemical Brothers. “About Time” tem um arranjo pulsante com ecos de guitarra e intervenções eletrônicas, o vocal de Treichler mais uma vez se acentua pela qualidade de seus agudos. “Stay With Us” presta homenagem a música indiana pelo uso de cítara, e “Machine Arrière” é apenas uma vinheta robótica que abre um caminho que nos leva até a faixa título do álbum “Super Ready Fragmente”. Climática e intensa, Super Ready Fragmente é a faixa mais longa do disco, tem nove minutos, e dá uma aula sobre como uma canção longa pode não ser chata. Cada arranjo parece milimetricamente composto, caos e harmonia convivem de forma complementar, dando vida a canção. “Secret” é densa e apresenta lindas linhas de baixo grave, é uma composição bastante complexa, bateria quebrada, peso sob medida e pling plongs eletrônicos soltos pela música se encaixam com perfeição aos falsetes de Treichler e as modulações perfeitas que esse faz com sua voz. “Everythere” começa monótona, mas ganha corpo no final, com guitarras pesadas cheias de overdubs, criando camadas sobre camadas de sonoridade caótica. A última faixa “Un Point Cest Tout” é gelada e sombria no início, porém vai ganhando corpo assim como Super Ready Fragmente, os vazios criados pela ótima produção de Roli Mosimann [NIN, The The, Celtic Frost] secam as batidas da bateria, os efeitos brincam com paisagens sonoras desertas e silenciosas, as guitarras imitam Black Sabbath e por fim resta o ruído último da memória se esvaindo. Super Ready Fragmente é um bom álbum, bem produzido e bastante variado, e é justamente por isso que torna-se bom, por não radicalizar nem guitarras nem eletrônica, e também por não fazer o que todos fazem quando fundem esses dois elementos, sempre erram a mão para um lado ou para o outro, o Young Gods acerta em cheio nesse disco coeso e ótimamente audível.



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