domingo, 19 de abril de 2009

Crítica.

Stereophonics – Pull The Pin.


por L
adislau Smack.









































Pull The Pin é o sexto álbum de estúdio do Stereophonics, foi lançado em 2007 pela V2 Int´l. É um bom disco no geral, embora haja nele elementos negativos, mais na média final dá pra passar de ano [rs]. O disco conta com uma produção muito boa, a cargo do próprio Kelly Jones junto com o cantor americano Jim Lowe, a dupla conseguiu equilibrar bem os intrumentos, e não exageram na engenharia, o que é muito importante, pois sendo assim o disco soa demais artificial. Pull The Pin na minha visão consegue a proeza de misturar rock setentista, cacos de anos 60 e rock moderno numa panela de pressão que consegue manter a temperatura sempre média. Digo isso pelas alternâncias entre momentos fortes e pesados e outros mais calmos e suaves, a voz de Jones também acompanha essa linha. Outro destaque também são os instrumentais, o disco é muito bem arranjado, nota-se diversos efeitos nas músicas, mas moderadamente usados, pois a base do disco é rock, embora haja até uma pequena incursão eletrônica no disco. Um dos pontos negativos do disco é que Kelly Jones continua [em menor proporção] a emular Liam Gallagher, é notável que ele se sai muito melhor sendo ele mesmo, com seu tom rouco e semi desesperado. A capa do disco diz bem o que o disco é, uma ameaça de explosão, como eu disse anteriormente, o disco consegue esse equilíbrio, e a capa [muito boa por sinal] mostra um pino de uma granada sendo puxado, onde uma boca bem insinuante puxa e a outra segura a haste, o rosa quase chok provoca um choque visual bem interessante, destacando-se bem num fundo todo negro. As músicas do disco seguem uma linha também equilíbrada, porém há mais músicas boas e razoáveis do que ruins, o que sinaliza que o disco é bom, pois disco cem por cento bom só mesmo o Revolver e Sgt. Peppers dos Beatles. Vejo nesse álbum um Stereophonics mais maduro, no sentido de buscar uma sonoridade mais única, mais característica, fugindo um pouco do clichê e das dicotomias britânicas de Blur e Oasis, vejo uma banda mais aberta a outras influências, disposta a trilhar novos caminhos, exceto Jones com aquela questão posta anteriormente. O disco é bem humano, possui seus erros, mas possui outras tantas virtudes, é um disco um tanto menos pop, um disco menos de rádio e mais de ouvintes experientes, que vão justamente enxergar no disco os pontos chaves e entender as canções, mesmo que elas não sejam hits radiofônicos. A veia setentista do disco começa logo na primeira faixa, “Soldiers Make Good Targets” é uma canção forte, pungente e com bons riffs de guitarra, “I Could Lose Ya”, também segue uma linha anos setenta, Jones canta meio desleixado [proposital], há ecos de guitarra e overdubs aos montes, é bem energética. Algumas canções do disco seguem uma linha moderna, quando me refiro a moderno faço referência ao som de bandas como Strokes, White Stripes e Arctic Monkeys. Vejo algo de suspeito nessas bandas, não vejo consistência, e aí acho que o Stereophonics pecou nesse disco, em repetir essas fórmulas de deixar o som cru demais, de soar setentista demais, e exaltar demais as guitarras, e é sempre assim, extremos, ou sem guitarras como o Radiohead em Kid A e Amenesiac ou só guitarras como essas bandas, é um culto falso ao MC5, e no final das contas, você vira o hype do momento mas não soa como a banda que queria soar. Vejo essa síndrome nas canções “Bank Holiday”, “My Friends” e “Crush”, vocais sequências, músicas urgentes, como se o mundo fosse acabar, guitarras bem altas, no caso de My Friends a boa produção faz o baixo de Richard Jones aparecer bem. Crush chega a ser irritante de tão White Stripes e Hellacopters que parece, forçosamente simples, muitas guitarras, só o refrão que parece Stereophonics, mais o corpo dessas músicas soa assim, moderno de mais, oco, um vazio, preenchido por guitarras altas metidas em amplificadores velhos. O posto de pior do disco fica para “Daisy Lane”, monótona, batidas eletrônicas, a música parece o remédio dramin, dá sono de ouvir. “Pass The Buck” é boa porque é simples, no arranjo e na forma de Jones cantar, backing vocals bonitinhos, bem construída e com um refrão bem feito, e antes que soe contraditório, é uma canção simples sem ser setentista [e nada conta os anos 70]. O disco vai mostrando suas diferenças a medida que o ouvinte vai percebendo que as músicas não se parecem tanto entre si como em outros discos [Performance and Cocktails por exemplo], cada uma parece ter vida própria, e o disco não se torna chato assim, monoritmico, tipo Ana Carolina, ouviu a primeira faixa ouviu o disco inteiro. “It Means Nothing” é uma das mais bonitas do disco, Kelly Jones canta rouco e intenso, num tom médio, tanto a introdução como o corpo da canção apresentam um dedilhado bonito, a música parece um passeio por um bosque olhando a tarde cair, eu fiz o teste [do passeio no bosque ouvindo a música] e deu certo, parece feita para momentos como esse. “Bright Red Star” é a única acústica presente no álbum, outra canção simples, só no fundo, bem no fundo, se ouve pequenos efeitos de teclado, mais só, o resto é só a voz de Kelly Jones e o arranjo, que poderia ser mais explorado, mas é uma canção simpática e bonita. “Stone” é muito criativa, é um dos pontos altos do disco, tem um introdução muito bela, é uma canção progressiva, no sentido de que vai ascendendo ao céu a medida que os minutos vão passando. Kelly aqui canta intensamente, o refrão é muito emocional, ecos de guitarra e passagens abafadas dão o tom da música, a bateria chega a ser impressionista, só com baquetas de pluma pode se atingir uma levesa como essa. É com músicas como Stone que digo que o Stereophonics está mais maduro e buscando uma sonoridade própria, é uma música diferente, sublimada, assim como a pesada e pesarosa “Lady Luck”. Lady Luck é sonoramente como Atlas, o titã grego que foi condenado a carregar o mundo nas costas, essa música nos traz um sentimento de culpa, de remorso, nos sentimos pesados com a atmosfera conseguida pelo Stereophonics. Kelly mais uma vez atinge pontos de uma emoção forte e comovente, destaco também o trabalho de Adam Zindani, muito consistente na guitarra. Outra canção que foge do padrão e aponta para horizontes mais criativos é “Drowning”, começa com voz e uma perciana de guitarra fina por trás, depois a bateria entra marcando sorrateiramente, como se fizesse parte da música desde o começo, o refrão é uma balança medindo e equilibrando forças, vocal emocional e intenso, é o que o Bush estaria fazendo hoje caso estivesse na ativa, um som meio tom, peso e leveza misturados num degradê agradável aos ouvidos. Pull The Pin é um bom disco, está longe de ser ótimo, mas também longe de ser ruim, é um disco na medida certa, na medida de ouvidos cansados da mesmice que toca nas FM´s, embora Kelly Jones tenha que exorcizar Liam Gallagher, mostrou-se nesse álbum que tem potencial para realizar boas canções, Drowning é um exemplo disso, é um disco de altos e baixos, mais altos do que baixos, boa produção como já ressaltado, conjumina como os momentos de instabilidade do mundo atual, nada muito coeso, tudo muito incerto, porém equilíbrio é palavra mais certa para definir esse disco.

download.

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3 comentários:

  1. Anônimo2:21 AM

    Um bom comentário... Penso 80& parecido! O que achei estranho foi que em primeiro plano, você dioz sobre a muistura da modernidade com o rock 60's e 70's... Parecia um elogio pela tal mescla. Ao final, tu critica de forma negativa o excesso de modernidade que as vezes surgem no disco. Bom, penso o seguinte: as produções de hoje, mesmo tentando um som mais antigo, propositalmente, soa muito moderno, dependendo da aprelhagem utilizada. Isso pode até ser um falha, ou até mesmo a vontade dos integrantes. Essa mescla é importante, e nesse caso específico, não vi tantos exageros em tons modernos no álbum.
    Abraços,
    Abel

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  2. Me desculpe, mas discordo de você ao criticar o álbum quanto a questão da crueza. A banda é (na verdade era) um power trio, dando enfoque a triade guitarra-baixo-bateria. E tirando algumas programações presentes nos shows da época DAKOTA, a banda sempre se mostrou esporrenta, urgente e confiando que um riff de guitarra pode salvar a sua vida, característica bastante presente em grandes bandas como AC/DC e Black Crowes.

    Ainda em tempo: você analisou o contexto de Daisy Lane? A letra da música é sobre um assassinato numa circunstância tão idiota que faz sentido que a música tenha esse tom calmo e bucólico. Acho que esses aspectos devem ser considerados ao resenhar uma obra musical, para não ser imparcial.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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