Bom, vou encerrando minhas saudações, postando um texto que foi escrito em 2003, mas que me veio à mente enquanto pensava sobre a atitude do assassino da escola de Realengo.
Eros Thanatos
Passou como um raio flamenjante
Senti apenas um tremor em minhas pernas
Meus olhos estáticos olhavam para um ponto distante
Uma lágrima caiu, ungindo o solo rachado e sem vida.
Brotaram quatro fios de uma estranha planta
Cada folha com uma cor diferente
Preto, azul, vermelho e branco
Mas o que significava tudo aquilo?
Resolvi tocar uma dessas estranhas folhas
Me perguntando qual tocar primeiro
Olhava pra todos os lados
Mas somente o deserto me cercava
Toquei a azul, mais que cintilante
E as águas do mar vermelho vieram
Inundaram tudo à minha volta
Porém não tocando nem a mim nem a planta
Me assustei e comecei a chorar
Ví toda a passagem bíblica se repetir
Moisés, as pessoas, o mar se abrindo
E todos avançando através daquela enorme passagem
Fui em direção à folha vermelha
Ao toca-lo, um fogo incontralável ardeu por toda parte
Um portal para o mundo civilizado se abriu
Como um anjo vingador, o fogo queimava a tudo e a todos sem piedade
As pessoas se escondiam com medo
Mas não havia pra onde correr
Prédios, casas, tudo desabou
Estavam todos condenados
Corri e toquei a folha branca
Então uma imensa claridade cegou a todos
Tudo ao redor ficou branco
Ouvia-se apenas o som de acidentes de trânsito
Era como se algo descesse dos céus
Buscando algo que não poderia ser visto
Veio o som das trobetas celestiais
Seria o juízo final?
Só restava a folha negra
Seria melhor toca-la?
Aflito e tomado pela curiosidade
Não só toquei a folha como a arranquei do solo
O portal de chamas fechou-se, restando apenas o chão rachado
Sentei-me ofegante, tentanto diregir tudo o que vira
Porém nada daquilo fazia sentindo
Não havia explicação para o ocorrido
Então um sussuro ao meu ouvido
"Você não precisa ver a trevas!
Pois sua vida talvez seja muita mais medonha
Do que todas as pragas do inferno!"
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